Um Corrimão de Escada Para o Cidadão Consciente
Carlos Cardoso Aveline
A sabedoria universal valoriza o convívio com a natureza
Nenhum discurso pode ser mais forte do que a prática da qual ele emerge.
Esta prática pode ser pessoal ou de grupo, social ou individual, objetiva ou subjetiva; ou pode ocorrer em todas estas dimensões, ao mesmo tempo.
A base do discurso, no entanto, é a vivência. A força dos profetas – ecológicos ou não – só pode vir da vida concreta que eles levam adiante. As palavras são extremamente úteis quando emergem de uma vivência real. Mas só servem para desorientar ainda mais quando estão divorciadas dos fatos.
Assim, também, a consciência ecológica do cidadão será tão forte e tão clara quanto seus gestos cotidianos. Consciência ambiental não se reflete em saber intelectualmente que o automóvel não deve ser exagerado como opção de transporte, mas se reflete em usá-lo menos, de fato, incluindo a bicicleta, o ônibus e a caminhada em nossas opções práticas e cotidianas. O amigo da natureza não é apenas aquele que tem um discurso de defesa do ambiente natural. É, mais ainda, aquele que reexamina a cada dia sua prática pessoal e a adapta, com moderação e equilíbrio, ao ideal de vida que ele mesmo vai constantemente esculpindo à medida que aprende a viver.
É preciso ir além do discurso crítico, e uma nova prática já emerge da vida de cada um. Novos hábitos alimentares, uma nova vigilância ecológica de cada consumidor, toda uma postura diante da vida surge movida por uma multidão de pequenos gestos cotidianos. Esta transformação, simultaneamente individual e coletiva, não parece gigantesca, mas não tem os pés de barro. Acontece quase imperceptivelmente, mas pode ser irreversível. Não é resultado da propaganda, mas do despertar de uma consciência que não pode mais ser retirada do cidadão.
O cidadão ecologicamente correto sabe que seu exemplo diz mais do que suas palavras, e suas palavras têm mais peso e significado quando refletem uma prática cotidiana. Há centenas e centenas de recomendações ecológicas a serem possivelmente observadas em diferentes aspectos da vida moderna, submersa na alta tecnologia. Selecionamos aqui apenas setenta itens, tocando uns poucos aspectos da vida do cidadão. Eles podem servir como elementos de apoio para um exame da nossa prática.
Nossa vida se desenvolve em um ritmo natural? Depois de ler calmamente os itens a seguir, você poderá ter uma imagem do seu desempenho ecológico. Anote quais são as recomendações que você já atende hoje. Em relação a elas, você pode renovar o compromisso com sua própria consciência, ou talvez ampliá-lo, avançando e aprofundando a sua postura.
Anote também quais são as ideias que você ainda não adotou, mas que poderia colocar em prática quase sem esforço, com vantagem para sua saúde e para o equilíbrio ambiental. E marque ainda aqueles pontos que exigem um esforço bem maior, inclusive uma boa quantidade de esforço e autodisciplina. Não tome decisões grandiosas ou radicais. Prefira uma mudança gradual e firme. O mais importante é que você avalie, periodicamente, seu desempenho perante sua própria consciência. Inclua outros itens específicos e que permitam uma avaliação da qualidade da sua vida em um sentido mais abrangente. Lembre-se de que a ecologia pessoal é a base de toda ecologia social.
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1) Respirar mais profundamente – A verdade é que o sangue precisa de oxigênio. Respiração profunda amplia a clareza da mente e dá mais saúde física. Faça isso calmamente, durante alguns minutos por dia. Diante de ar livre e puro, na medida do possível.
2) Abrir espaço para a qualidade de vida na rotina diária – Não deixe para depois de amanhã a melhora que pode produzir e estabelecer hoje. A qualidade de vida é uma planta que se tem que regar todo dia.
3) Manter contato com o jornal que você lê, a rádio que escuta, a sua estação preferida de televisão – Ligue para meios de comunicação social e faça sugestões de assuntos que deveriam ser abordados. Critique quando errarem, elogie quando acertarem. A influência do consumidor de informações é decisiva para que os meios de comunicação possam melhorar seu conteúdo. Escreva cartas para a coluna do leitor e expresse seus pontos de vista.
4) Dar folga para o estômago – Seu estômago é um dos seus amigos mais importantes. Não se empanturre. Coma para alimentar-se. Não se intoxique.
5) Uma pausa antes de comer – Antes de iniciar uma refeição, pare um instante, acalme sua mente, concentre-se na ideia mais elevada que puder imaginar no momento. Deixe de lado toda pressa e ansiedade. E então comece a comer com calma e tranquilidade, para que a digestão possa ocorrer da maneira certa.
6) Mastigar bem os alimentos – Quando começa uma refeição, a pressa e a ansiedade devem ser deixadas de lado. Mastigar, como respirar, deve ser um gesto completo, consciente, íntegro.
7) Comer menos carne – Afaste-se, gradualmente, do processo de massacre diário dos animais para “produção” de carne. Há ainda outros motivos, além do respeito à vida. A carne bovina vem com hormônios, conservantes e toxinas que a tornam alimento pouco saudável. Diminua o uso da carne, e se quiser proteínas animais, prefira leite, queijo, ovos. Pense em uma alimentação mais vegetariana. Se possível, elimine gradualmente todo tipo de carne da sua dieta.
8) Beber café moderadamente – Evite tomar doses excessivas de café ou chá preto. A ingestão excessiva de café pode causar problemas de comportamento, alterações cardíacas e aumento do colesterol. A cafeína produz insônia e excitação nervosa. O café de cevada pode ser uma alternativa. Mas os sucos e chás naturais têm diferentes propriedades medicinais. Escolha entre eles o mais adequado para você.
9) Evitar bebidas alcoólicas – Bebidas alcoólicas são uma violência contra o organismo. Evite o alcoolismo como meio de transcender a sua consciência média da realidade. Se quiser transcender, leia sobre teosofia, Jnana Ioga, Carma Ioga, filosofias orientais ou filosofia clássica ocidental.
10) Preferir alimentos com fibra – Os alimentos integrais, com fibras, previnem problemas de saúde. Evite alimentos artificiais ou refinados.
11) Beber menos leite de vaca – Diversos produtos químicos são lançados em seu leite diário, desde conservantes até aromatizantes. As vacas leiteiras recebem altas doses de antibióticos e hormônios prejudiciais à saúde delas, e à nossa. Leite de soja é uma boa opção.
12) Reduzir a ingestão de ovos – Poucas galinhas poedeiras, hoje em dia, têm vida ou alimentação naturais. São mantidas em cativeiro, sem poder mover-se, recebendo altas doses de hormônios para produzir mais ovos. Deixando de comprar ovos nestas “granjas”, você não compactua com o massacre dos animais – e protege sua saúde.
13) Abandonar as frituras – Se você não resiste a uma fritura de vez em quando, faça com que isso seja uma exceção, e use óleos leves, sem colesterol. É melhor tentar viver sem frituras, ou com poucas.
14) Largar a carne de porco – A carne de porco é, entre todas, provavelmente a mais prejudicial à saúde. Sem falar na saúde do próprio porco, que é a primeira vítima inocente do processo. Os animais merecem o nosso respeito. Não sabem falar, não podem defender-se, mas sentem dor tanto quanto nós. E há o nosso dever para com o nosso corpo físico. Ele é o nosso primeiro e melhor amigo neste mundo, e trabalha 24h por dia para nós, sem nada a reclamar, mas tentando reparar todos os erros que cometemos em nossa alimentação e ritmo de vida.
15) Evitar alimentos muito quentes ou muito frios – Chá muito quente, e sorvete ou suco muito gelado, não ajudam o organismo. É melhor evitar os extremos de temperatura nos alimentos ingeridos. Faça como os animais, que instintivamente preferem alimentos com temperatura próxima à de seu organismo. O conselho dos iogues é o mesmo.
16) Preferir alimentos naturais da estação – Os vegetais produzidos fora da estação exigem uso mais intensivo de pesticidas e substâncias químicas. Prefira frutas e legumes da época.
17) Verduras e legumes sem veneno – Com vitamina A e cálcio, a cenoura e as verduras, assim como a maçã, podem ajudar a neutralizar o chumbo, cobre e outros metais pesados em nosso organismo. Quando possível, compre produtos de agricultores que não usam venenos.
18) Lavar bem as verduras – Toda verdura de folha deve ser bem lavada para que saiam restos de agrotóxicos. Deixar algum tempo de molho em bacia com água também é bom; inclusive com um pouco de vinagre ou suco de limão, o que ajuda a matar parasitas e bactérias. E jogue fora as folhas externas, nas quais os poluentes estão mais acumulados.
19) Preservar o peixe – Peixe não é necessariamente uma boa alternativa alimentar para quem elimina as espécies mais prejudiciais de carne. As águas poluídas são um sério problema. Peixes acumulam metais pesados. E a questão ética permanece: você sabe quanto sofre um peixe antes de morrer, lentamente, por asfixia? E quem pode medir este sofrimento?
20) Diminuir o açúcar – Aceite o açúcar natural presente nos alimentos. Adoce com mel ou com frutas. Se não puder renunciar ao açúcar, use o mascavo, que é menos prejudicial.
21) Evitar adoçantes artificiais – Adoçantes artificiais fazem mal à saúde. Se quer evitar o açúcar, prefira mel puro ou outro adoçante natural.
22) Fazer a sua geléia – É relativamente fácil fazer geléia em casa, que é mais barata, com mais fruta, com menos açúcar e sem aditivos.
23) Olhar o rótulo dos alimentos comprados – Verifique a data de validade do produto e as instruções para seu uso. Os consumidores brasileiros que não o fazem acabam comprando grande quantidade de alimentos com data vencida ou usando-os de modo nocivo para a saúde.
24) Limitar o uso de refrigerantes – Coca-Cola e Pepsi-Cola têm cafeína, que causa uma dependência como a criada pelo café e chá preto. Além disso, outros aditivos e propriedades destas bebidas fazem-nas altamente destrutivas dos dentes e nocivas ao estômago. Em geral os outros refrigerantes são menos agressivos à saúde, o que não chega a ser um elogio. Beba chás gelados e sucos naturais. Não só não fazem mal, mas ajudam a manter e a recuperar a saúde. Também neste aspecto, proteja suas crianças.
25) Abandonar o forno de microondas – Além dos fornos domésticos, as frequências de microondas são usadas em sistemas de radares e telecomunicações. Evite viver próximo de sistemas de radar devido a seus efeitos cancerígenos. No caso do forno doméstico, o melhor é não tê-lo. Opte por métodos mais simples e seguros de preparar e aquecer alimentos. Além dos problemas citados, o forno de microondas também pode desenvolver aminoácidos tóxicos para os rins e o fígado em alimentos como queijo, leite, carne, e peixe. Normalmente usado por muito pouco tempo, ele não dá, aos alimentos que aquece, uma temperatura uniforme capaz de matar todas as bactérias.
26) Preferir alimentos integrais – Quando possível, deixe de lado a farinha, o açúcar, o sal e outros alimentos refinados. Na sua fabricação são usados branqueadores e substâncias artificiais. Prefira farinha, arroz e pão integrais, e sal marinho.
27) Proteger as crianças dos alimentos nocivos – Mediante um trabalho de educação integral, você pode conscientizar seus filhos (e os amigos deles, já que uma criança não vive isolada) sobre os problemas do excesso de doces e balas, dos refrigerantes, hambúrgueres, cachorros-quentes e outras armadilhas do chamado mundo moderno. Estes alimentos têm, muitas vezes, não só excesso de açúcar, mas corantes, conservantes, e outros aditivos prejudiciais. A satisfação que eles dão dura poucos segundos, mas há consequências de longo prazo como fraqueza nos dentes, mais possibilidades de contrair doenças, e gastos com médicos e dentistas.
28) Evitar remédios convencionais – Tome remédios só quando for de fato necessário. Neste caso, prefira o enfoque homeopático ou naturalista. Os laboratórios químicos induzem ao consumo de remédios não só desnecessários, mas prejudiciais.
29) Aproveitar o valor curativo dos alimentos – Há uma relação decisiva entre a saúde física e a alimentação. Hipócrates ensinou: “faz do teu alimento o teu remédio”. Quando atuamos preventivamente, o efeito curativo dos alimentos naturais é ainda maior. Entre os autores clássicos que fazem o desdobramento prático do axioma de Hipócrates temos Alfons Balbach, autor de “As Frutas na Medicina Doméstica” e “As Hortaliças na Medicina Doméstica”. Autores recentes são demasiado numerosos para citar sem fazer injustiça.
30) Preferir acupuntura, do-in, homeopatia, aromaterapia – Estas e outras terapias alternativas tradicionais não intoxicam o paciente. Elas o convidam a compreender melhor a si mesmo e a estudar as bases do equilíbrio interno que sustenta a saúde física. Evite, porém, as terapias inventadas recentemente, as “curas à distância”, os “passes magnéticos”, as “curas através de poderes psíquicos” e outras terapias supostamente “espirituais”. Sobre isso, veja o texto “As Medicinas Alternativas”. Ele pode ser facilmente localizado em nossos websites associados.
31) Uso moderado do automóvel – Carro particular causa poluição ambiental e priva seu organismo do necessário exercício físico. Use-o quando necessário, mas valorize a caminhada e outros meios de transporte.
32) Ao dirigir, evite altas velocidades – Altas velocidades não são apenas perigosas para você e para os outros, mas prejudicam todo o meio ambiente. Dirigindo a 112 km/h – por exemplo – você gasta 25% mais combustível do que viajando a 88 km/h. Andando mais devagar, você economiza dinheiro e polui menos.
33) Andar de bicicleta – Este é o veículo mais usado em todo o mundo. Descongestiona o trânsito nas cidades, não polui e faz bem à saúde.
34) Fazer exercícios físicos diariamente – Faça ginástica, jogue vôlei, futebol ou basquete ou tênis de praia. Exercícios físicos moderados são essenciais para manter a saúde e uma atitude equilibrada e saudável diante da vida, evitando as causas do estresse e da tensão.
35) Ser amigo das árvores – Além de todas as funções ecológicas conhecidas, ter uma ou mais árvores por perto acalma as pessoas e melhora seu estado de ânimo. No caso de hospitais, pacientes que têm árvores dentro de seu campo visual ficam curados mais rápido. Mantenha seu bem-estar interior convivendo com árvores. Defenda-as, quando ameaçadas. Cuide delas. Plante mudas. Isso fará com que se sinta melhor consigo mesmo e com a vida ao seu redor.
36) Deixar o cigarro – Além do tabaco, o cigarro contém quase 2000 agentes químicos, na maior parte cancerígenos. Respeite seus próprios pulmões e os dos outros. No plantio de fumo o impacto ambiental é muito grande: florestas nativas são cortadas e pesticidas são lançados ao solo. As mesmas terras poderiam, em vez disso, estar produzindo alimentos para os pobres. O consumo de cigarro é provocado artificialmente por campanhas de propaganda das multinacionais. Economicamente, as doenças geradas pelo cigarro significam grande prejuízo para a sociedade.
37) Raio-X, só quando indispensável – Evite radiografias sempre que possível. Mesmo pequenas doses de radiação – que às vezes não são muito pequenas – devem ser evitadas para manter melhor a saúde.
38) Economizar e reciclar papel – Use papel dos dois lados. Quando possível, compre papel reciclado, ou pelo menos não branqueado com cloro, produto nocivo ao meio ambiente.
39) Procurar os recicláveis – Quando for às compras, priorize os produtos recicláveis, que podem ser consertados, reabastecidos, recarregados e usados de novo. Evite produtos que dependem de pilhas e baterias, porque são altamente poluentes.
40) Deixar de lado o isopor – Usado para embalar sorvetes e em várias outras situações, o isopor não é amigo da natureza.
41) Saber onde está a fonte de seu bem-estar – A verdadeira fonte do seu bem-estar pessoal não está no ato de comprar objetos. A auto-estima não depende de quanto dinheiro você gasta. O bem-estar surge da sua relação consigo mesmo. Ele emerge naturalmente do autoconhecimento, do auto-respeito e da auto-disciplina.
42) Viver um dia de cada vez – Aquele que opta pela filosofia da simplicidade voluntária pode viver cada dia da sua vida como uma obra completa. Assim existe paz interior e é deixada de lado a cobiça. A busca de ganhos desmedidos leva a todos os problemas ambientais de uma civilização materialista. Quando superamos a ansiedade que leva à ambição, percebemos que a bênção está na simplicidade.
43) Falar moderadamente ao telefone celular – Apesar do enorme poder de pressão das empresas de telefonia móvel, algumas pesquisas científicas indicam que pode haver dano à saúde quando o telefone celular é usado por longo tempo, e quando ele é mantido por muitas horas por dia junto ao corpo humano. As ondas magnéticas emitidas pelos celulares são algo a que o organismo não deve ser exposto longamente sem necessidade.
44) Desligar mais a televisão – Usada em excesso, a televisão interrompe a convivência familiar e destrói a vida intelectual, cultural, e social das pessoas. Com seus programas alienantes, a televisão é um exemplo de poluição mental e deseducação da população. Mas, usada com moderação e inteligência, pode ser um fator positivo na vida. Às vezes, há bons filmes. Existem bons noticiários e alguns programas culturais e ecológicos. Opte pelas estações cuja programação é cultural e educativa. BBC de Londres e CNN têm bom jornalismo.
45) Economizar água – A água é um recurso natural escasso. Não deixe a torneira aberta todo o tempo enquanto escova os dentes. Não fique meia hora embaixo do chuveiro aberto. Tome providências de imediato se há um vazamento em sua casa ou prédio.
46) Evitar panelas de alumínio – Procure substituir gradualmente suas panelas de alumínio. Prefira panelas de aço, esmaltadas, de ferro, ou ainda de vidro. O alumínio da panela se desprende quando são cozinhados alimentos ácidos, ou quando se raspa o recipiente com força. Há várias doenças associadas ao excesso de alumínio no organismo humano.
47) Preferir sabonetes naturais – Há sabonetes com perfumes artificiais que não só prejudicam a pele, mas o meio ambiente, isto é, o rio ou arroio para onde vão, dissolvidos na água. Não se iluda com perfumes fortes. Não são bom sinal.
48) Transpirar naturalmente – Não exagere com os desodorantes. O suor natural é importante para eliminar toxinas. Desodorantes supostamente “modernos”, à base de cloridato de alumínio, formaldeído e amônia, bloqueiam os poros da pele e fazem mal à saúde. Talcos neutros como o polvilho anti-séptico “Granado” relativamente são inofensivos à pele e necessitam uso menos frequente.
49) Reduzir o uso de produtos descartáveis – Acelere a evolução do mercado consumidor brasileiro em direção a uma atitude de respeito para com o meio ambiente. Evite comprar produtos descartáveis, ou que vêm envoltos em enormes embalagens.
50) Evitar o uso de amianto – Evite quando possível o amianto, seja em telhas, reservatórios de água ou qualquer outro produto. O amianto desprende microfibras que são inaladas na respiração, e podem provocar graves doenças respiratórias. O produto já foi proibido em diversos países. Também é nocivo ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores que o produzem.
51) Usar roupas e sapatos até o final – Se você compreende a ideia da simplicidade voluntária, então você provavelmente não consegue compreender por que há tamanha obsessão atualmente com a moda e a chamada “elegância pessoal”. Nesse caso, não se preocupe. Você está em boa companhia. Todas as religiões e filosofias condenam a superficialidade e a vaidade e ensinam há muito tempo que “quem vê cara não vê coração”. Como se isso fosse pouco, a revista “Biosofia”, de Lisboa [1], publicou uma pequena história sobre Albert Einstein:
“Antes e depois de se ter tornado conhecido, Einstein sempre foi muito descuidado com seu vestuário e aparência. Certo dia, em Ulm – sua terra natal – cruzou com um amigo que lhe fez notar, com todo tato e muito carinhosamente, que a sua indumentária talvez não estivesse muito alinhada… ‘Não tem importância’, disse Einstein. ‘Aqui todos me conhecem!’ Anos depois, outro amigo encontrou-o nas ruas de Nova Iorque vestindo um sobretudo todo “surrado”. Preocupado, segredou-lhe: ‘Meu amigo, por favor, não ande vestido assim. Não é adequado para uma pessoa do seu nível!’ E Einstein respondeu: ‘Não tem importância. Aqui ninguém me conhece!’ ”
52) Colocar as mãos na terra – Se você tem um pedaço de terra no quintal, ou tem pátio grande, ou uma chácara, uma boa atividade é fazer uma horta. Até em vasos, em um apartamento, se houver sol, é possível plantar uma verdura. Pode ser alface, couve, chuchu, tomate, espinafre, cenoura. Plantar é uma das melhores higienes mentais possíveis. E na hora de comer, você terá certeza de que está livre de venenos.
53) Dar folga para seu bolso – Compre só o necessário. Vivemos em um mundo de falsas necessidades, criadas artificialmente. Saia fora do círculo vicioso de consumo-pelo-consumo, responsável por tanta destruição ambiental, tanta exaltação do egoísmo. Uma atitude mais reservada em relação à compulsividade consumidora pode, literalmente, dar lucro a você.
54) Participar do movimento ecológico – Deve haver uma entidade ecologista em sua cidade. Certamente há muitas delas em seu Estado. Associe-se. Participe das reuniões. Sempre que possível, participe de ações concretas em defesa do meio ambiente.
55) Manter contato com o(s) político(s) em quem você votou nas últimas eleições – Seja vigilante: acompanhe as ações do vereador, prefeito e deputado a quem deu seu voto. Pressione para que eles se posicionem corretamente nas questões ambientais e de qualidade de vida.
56) Estimular o uso de energia natural renovável – Na sua empresa ou âmbito de atuação, leve em conta o fato de que a energia solar e a energia eólica são exemplos de alternativas cada vez mais valorizadas.
57) Verificar a destinação final de resíduos sólidos – Onde vai o lixo da sua empresa, prédio ou comunidade? O que se pode reutilizar? O que se pode reciclar? Como eliminar o desperdício?
58) Conscientizar filhos, sobrinhos ou irmãos menores – Converse sobre a questão da defesa ambiental com seus familiares. Se você é adolescente, pode ajudar seus amigos ou irmãos menores a perceber um sentido mais amplo na vida. É útil questionar toda a rotina diária a partir do ponto de vista da qualidade de vida.
59) Ganhar tempo no ônibus – Ir de carro aos lugares onde isto não é indispensável constitui uma perda de tempo. Se der preferência ao ônibus ou metrô, você pode ir lendo ou estudando, e o tempo da viagem se tornará útil. Se a distância for pequena, há a possibilidade de caminhar ou ir de bicicleta.
60) Evitar o excesso de sol na piscina ou praia – Entre 10h e 15h30 o perigo é maior. Os índices de doença de pele são preocupantes desde os anos 1990.
61) Usar repelentes naturais – Evite os repelentes químicos contra insetos como o mosquito e o borrachudo. Prefira produtos inofensivos à saúde humana e ao meio ambiente, que podem ser encontrados em lojas naturais. Colocar telas nas janelas e portas da casa e usar mosquiteiro também constituem providências eficientes.
62) Evitar a causa das dores de cabeça (e de outros males) – De cada dez casos de dor de cabeça, nove são resultado de tensão, inclusive ansiedade, depressão, preocupação e problemas emocionais semelhantes. Tomar comprimidos é uma falsa solução. Beba um chá de camomila. Sente-se calmamente, espinha dorsal ereta, pés firmemente apoiados no solo, imagine a energia que está concentrada na cabeça dissolvendo-se e distribuindo-se calmamente. Relaxe. Faça exercícios físicos moderadamente, pensando definidamente em algo agradável. Revise, examine e elimine um a um os fatores tensionantes de sua vida diária.
63) Ser sério, mas sorrir – O bom humor e o riso contribuem para nos manter relaxados e evitar tensões ou doenças. Fale sobre seus problemas com amigos confiáveis. Desabafar com gente amiga é uma maneira de evitar que os problemas ganhem importância exagerada. Quando falamos dos problemas, eles desinflam.
64) Cultivar a calma – Evite o excesso de tensão ou ansiedade. Mantenha um ritmo natural. Perceba o silêncio entre um pensamento e outro e ouça seu coração. Tenha consciência da ação do vento sobre as folhas das árvores mais próximas a você.
65) Apoiar cooperativas e outras iniciativas da economia solidária – Junte-se a ações comunitárias em que pessoas livres se organizam para produzir com base na ajuda mútua. Essa é a grande alternativa para a construção de cidades que sejam socialmente justas e economicamente eficazes. Nas cooperativas, os trabalhadores estabelecem novas relações de produção e passam a ser donos do seu próprio trabalho.
66) Fazer passeios pela natureza – Ninguém pode amar ou defender o que não conhece. Deixe de lado a tensão do trabalho urbano e visite os lugares da natureza. Esvazie-se da pressa e aprenda a perceber a música e a harmonia presentes no silêncio da natureza.
67) Viver junto à natureza – Pense na possibilidade de, mais cedo ou mais tarde, comprar um pequeno pedaço de terra e passar a morar junto à natureza, ou, pelo menos, passar lá os finais de semana. A experiência de viver junto ao ambiente natural não é fácil. Mas tem uma importância fundamental para quem estuda filosofia, para quem pensa que a atual civilização necessita ser renovada, e para quem é amigo da natureza.
68) Buscar soluções novas – Valorize o passado, mas não fique preso a ele. Aceite o novo e o desconhecido. Certa vez, o sábio Nasrudin procurava desesperado alguma coisa no chão, à noite, sob o poste de luz. “O que foi que você perdeu?”, perguntou um amigo. “A chave da minha casa”. O amigo de Nasrudin ajoelhou-se e começou a ajudá-lo a procurar. Mas pouco depois perguntou: “Onde foi, exatamente, que você perdeu sua chave?” Nasrudin apontou para um lugar distante: “Foi lá”. “Mas, então, por que você está procurando aqui, junto à porta da sua casa?” – perguntou o amigo, estupefato. E Nasrudin explicou: “Porque aqui o terreno está iluminado pela luz do poste. Lá onde perdi a chave, eu não enxergo nada!”. [2] Assim também nós, em geral, evitamos procurar as coisas que necessitamos onde elas realmente estão. Muitas vezes preferimos buscá-las apenas dentro do terreno da rotina dos nossos velhos pensamentos. São João da Cruz escreveu: “Para chegares ao que não sabes, hás de ir por onde não sabes”. [3]
69) Fazer, de tempos em tempos, uma autoavaliação – Verifique calmamente o grau de coerência que você já atingiu na vivência de seu ideal ecológico, e também em outros aspectos da sua vida. Contente-se com a realidade, e veja como pode melhorar sem alimentar conflitos desnecessários consigo mesmo. Identifique de que modo pode continuar se auto-aperfeiçoando com tranquilidade, e ser cada vez mais sábio na arte de viver.
70) Estudar teosofia – A filosofia teosófica original pode ser definida como uma ecologia da mente, e também como uma ecologia do cosmo. O estudo das leis do universo mostra a unidade dinâmica de tudo o que existe. Desta percepção surge a consciência ambiental. Nossos websites associados constituem um centro de documentação teosófica. Nossos e-grupos funcionam como laboratórios de pesquisa sobre a arte de viver, sendo um deles o SerAtento. O esforço faz parte da proposta da Loja Independente de Teosofistas.
Acrescente agora aqueles itens que são importantes para você mas que não constam nesta lista, e defina algumas metas pessoais para o futuro próximo.
NOTAS:
[1] “Biosofia”, p. 17 da edição do verão de 2004 (o verão em Portugal ocorre de junho a agosto). A revista é editada pelo escritor José Manuel Anacleto. O texto sobre Einstein é de Margarida Fonseca.
[2] “O Poder da Sabedoria”, Carlos Cardoso Aveline, Ed. Teosófica, Brasília, 191 pp., ver pp. 82-83.
[3] “São João da Cruz, Obras Completas”, Ed. Vozes, RJ, 1149 pp., ver p. 182.
Fontes Bibliográficas Não Citadas Acima:
*“Design For a Livable Planet”, de John Naar, Harper & Row, Publishers, Nova Iorque, EUA, 1990.
*“The Young Person’s Guide to Saving the Planet”, Debbie Silver & Bernadette Vallely, Ed. Virago, Londres, 1990.
*“330 Dicas de Atitudes para Contribuir com a Saúde do nosso Planeta Terra, o Coração Ainda Bate, um guia de conservação ambiental”, Fundação Biodiversitas, Ed Tchê!, RS, 1990.
*“1001 Ways to Save the Planet”, Bernadette Vallely, Penguin Books, Londres, 1990.
*“A Vida Secreta da Natureza”, Carlos Cardoso Aveline, terceira edição, Ed. Bodigaya, Porto Alegre, 2007, 156 pp.
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
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