Para Quando eu Nascer, Daqui a Quatro Horas
 
 
Michel Temer
 
 
 
 
 
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Nota Editorial de 2017
 
Como em outras oportunidades [1], Temer
demonstra no poema a seguir um conhecimento
da lei dos ciclos, que é central em teosofia.  
 
Cada aniversário constitui uma  experiência
potencialmente iniciática,  um renascimento,
um começar de novo. O ciclo de um ano de
vida possui uma energia própria, que pode
ser utilizada corretamente, inspirando uma
renovação regular do propósito da vida. [2]
 
A oração “Nascimento e Desejo” dirige-se ao
Senhor”. Em teosofia, o termo representa o eu
superior ou alma espiritual de cada indivíduo.
 
Senhor” pode significar ainda uma personificação
da lei do Carma e da Justiça,  com a qual o eu superior
está em harmonia. É perante a sua própria consciência, o
seu eu imortal, portanto, que o peregrino presta contas
e renova um compromisso de vida. Os versos a seguir
são coerentes com a filosofia esotérica clássica.
 
O poema é reproduzido de “Anônima Intimidade”, de
Michel Temer, Topbooks, 2012, RJ, 164 pp., pp. 163-164.
 
(Carlos Cardoso Aveline)
 
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Nascimento e Desejo
 
Quando eu nascer, Senhor,
Daqui a quatro horas,
Pela sexagésima segunda vez,
Fazei com que eu nasça
Um outro homem.
 
Fazei, Senhor,
Com que a vida anterior
Às sessenta e duas vezes
Que nasci
Seja apenas referência
Para a existência
Que virá depois.
 
Que eu seja, Senhor,
Melhor.
Que eu viva para os outros,
Não para mim.
Que eu ame, Senhor,
Quem me ama.
E também quem me detesta.
Até os que me ignoram
Incluídos os que não me conhecem.
 
Que eu ame a todos, Senhor,
Que eu seja bom
Sem fazer da bondade
Uma virtude, nem pretensão
Mas que seja conduta natural.
 
Que eu seja honesto, Senhor,
Sem fazer da honestidade
Uma pregação.
 
Que eu compreenda os maus,
Os desonestos, os drogados
E os que traficam drogas
Os violentos e os insatisfeitos.
 
Que eu seja capaz, Senhor,
De, com bondade,
Extensão da Sua,
Fazê-los bons, honestos
Não drogados, pacíficos e satisfeitos.
 
Enfim, Senhor,
Que eu seja, no mundo,
A revelação da Sua presença.
Se não for assim, Senhor,
Melhor que eu não nasça pela sexagésima terceira vez.
 
NOTAS:
 
[1] Sobre a força dos ciclos na história do Brasil, veja em nossos websites os artigos “Democracia e Autoritarismo” e  “A Democracia Social e o Império da Lei”, ambos de  Michel Temer. A respeito da tarefa da alma imortal, também está disponível em nossos websites o poema “Gerações”. De autoria de Temer, ele parece abordar o compromisso sagrado que permeia várias encarnações.
 
[2] Veja o texto “O Lado Sagrado do Aniversário”, em nossos websites associados. Leia também “A Força de um Compromisso Sagrado”.
 
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