Consciência Ampliada Permite
Descansar das Percepções Externas
Carlos Cardoso Aveline
Como um cachorro junto ao dono
Os Ioga Sutras de Patañjali dizem:
“Ioga é a supressão das transformações do princípio pensante”. [1]
Isso não pode ser feito desde fora ou da periferia da consciência. As tentativas de controlar o conjunto da mente a partir das suas camadas externas são neuróticas, na melhor das hipóteses. A eficiência é alcançada quando a capacidade de parar a atividade da percepção pessoal – ou de movimentá-la voluntariamente – é exercida desde a área central silenciosa do princípio pensante.
E isso depende da pureza do coração.
O “coração puro” é aquele nível da consciência humana que está livre de desejos pessoais.
Quando a alma “já viu o suficiente” de um cenário inferior da vida, ela transfere o seu foco para um nível mais elevado. A ioga acontece à medida que a consciência de alguém se sente à vontade na ausência dos desejos e medos do mundo da ilusão e não aspira a coisa alguma, exceto à Bondade em si mesma.
A ioga não surge como uma meta que é alcançada pela personalidade do indivíduo. Ela acontece como a cura de todo sofrimento e como aquele tipo de estabilidade que contém o melhor de cada um dos movimentos possíveis.
Ela é vivida como o sentimento do cachorro velho que volta para estar perto do seu dono: tudo está perfeitamente OK para a mente situada ao lado do seu mestre e de sua alma eterna. Já não é necessário pensar para compreender todas as coisas.
Na vida de um peregrino espiritual, o eu inferior às vezes percebe retroativamente e com parcial surpresa que “houve uma paralisação dos pensamentos”; e aconteceu “uma vasta percepção sem palavra, sem som, ao lado da ausência de tempo cronológico.”
Não cabe à personalidade produzir a transição para estados superiores de consciência. No entanto, ela pode abrir humildemente o caminho para que a transição ocorra, nesta mesma existência ou numa próxima encarnação. Cedo ou tarde, o esforço correto expande o campo do saber na direção do tempo eterno e do espaço infinito.
NOTA:
[1] Sutra 2 da parte um, em “Ioga Sutras de Patanjali”. Uma das melhores edições disponíveis é “The Yoga Sutras of Patanjali”, with translation, Introduction, Appendix, and Notes based upon several authentic commentaries, by Manilal Nabhubhai Dvivedi, Published by Tookárám Tátyá for the Bombay Theosophical Publication Fund, 1890, 107 páginas. Veja também em nossos websites associados a versão de William Q. Judge dos “Aforismos de Ioga, de Patañjali”.
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O artigo acima incorpora a nota “Para Transcender o Pensamento”, que foi publicada sem indicação do nome do autor em “O Teosofista”, dezembro de 2016, p. 03.
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