O Pensador que em 1919 Organizou a
Seção Nacional do Movimento Teosófico
Aleixo Alves de Souza
Aleixo (esquerda) aborda a vida e o exemplo de Seidl (direita)
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Nota Editorial de 2017
Um dos pioneiros do movimento esotérico
no Brasil, Raymundo Pinto Seidl ajudou a
fundar em 1910 a Loja Perseverança, no Rio de
Janeiro. Em 1919 liderou a organização da seção
nacional do movimento, que dirigiu até 1927. [1]
O texto a seguir transcreve palestra de Aleixo Alves
de Souza proferida na Loja teosófica Perseverança, do
Rio de Janeiro, em 29 de janeiro de 1937. Foi publicado
inicialmente na revista “O Teosofista”, janeiro-fevereiro
de 1938, páginas 24-25. Título original: “General Seidl”.
(Carlos Cardoso Aveline)
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Há poucas criaturas que tenham deixado após si uma tradição tão formosa como o General Raymundo Seidl.
Ele não era apenas a bondade que todos lhe conheciam, que todos apregoavam, cujos efeitos todos sentiam e que todos admiravam.
O General Seidl era um cultor impertérrito e inflexível do espírito de justiça, um dos que mais glorificam o ser humano.
Nunca vi da parte do General Seidl um gesto, uma palavra de subserviência. Nunca lhe ouvi uma palavra, um gesto que deprimisse a outrem.
Quanto ao seu espírito de justiça, cita-se o seguinte: O general era Chefe da Escola do Estado Maior. Dera-se ali uma vaga e o general, acedendo ao pedido de um sargento, bom servidor, chefe de numerosa família e de exemplar comportamento, prometera nomeá-lo. Logo após um outro sargento lhe pedia uma audiência e, durante ela, apresentava-lhe uma carta veemente do Dr. Epitácio Pessoa, então Presidente da República [2], solicitando-lhe o referido emprego.
O general, voltando-se para o visitante, após a leitura da carta, disse-lhe: “Esta carta não é um pedido, para mim é uma ordem – os olhos do homem brilharam – porém já dispus da vaga; no entanto, a primeira que se der, será sua.”
E permaneceu inflexível na sua promessa, com risco embora de cair no desagrado do Presidente da República.
Os humildes encontravam nesse acendrado cultor do espírito de justiça um apoio e uma defesa. Por isso mesmo todos o adoravam, quer superiores quer subordinados.
O general não estudava apenas a Teosofia; ele vivia as ideias que esposava e as vivia por maneira tão brilhante, que o seu exemplo vive no coração de todos que o conheciam, teósofos e não teósofos.
Ninguém sabia melhor, com o sorriso à flor dos lábios e um lampejo de bom humor nos olhos, desarmar uma cólera ou desfazer uma impressão má no espírito de alguém. Sob esse aspecto era um verdadeiro condutor de homens, porque os sabia atrair e os levava a espontaneamente cooperar com ele sem no mínimo lhes fazer sentir qualquer sombra de autoridade. Era daqueles que sabiam fazer-se obedecer, levando o indivíduo, por assim dizer, a mandar-se a si próprio.
A sua jovialidade fazia-o triunfar nas situações mais difíceis. E quantas vezes essa jovialidade espontânea, sã e sincera me tem feito lembrar a expressão certa vez usada por um Mestre:
“O indivíduo que não tiver bom humor dificilmente alcança êxito no caminho do Ocultismo.”
Blavatsky e Olcott eram duas criaturas de bom humor.
NOTAS:
[1] Veja em nossos websites o livro “O Duque de Caxias”, de Raymundo Pinto Seidl, e também o documento “Carta de Seidl Para Gervásio, Sem Data”. (CCA)
[2] Epitácio Pessoa foi presidente do Brasil entre 1919 e 1922. (CCA)
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Em 14 de setembro de 2016, depois de uma análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu criar a Loja Independente de Teosofistas. Duas das prioridades da LIT são tirar lições práticas do passado e construir um futuro saudável.
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