Ampliando a Ponte Diária Entre
Ética, Autoconhecimento e Teosofia
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
 
 
A grande equação do carma, para os amigos da Loja Independente de Teosofistas, está na relação entre a palavra e o fato, o ideal e o gesto prático, a literatura estudada e a vida diária.
 
E isso passa pelos padrões emocionais de cada um.
 
O desafio é mais ou menos o mesmo para todos os que buscam a verdade e o conhecimento sagrado.
 
No século 19, Helena Blavatsky escreveu que a partir do ano de 1900 os psicólogos passariam a ter muito trabalho. Nas Cartas dos Mahatmas, vemos um Mestre esclarecer que todo o processo de testes para o discipulado acontece na sociedade moderna pelos desafios psicológicos e pelo autoconhecimento do eu inferior, na sua relação silenciosa com o eu superior.
 
O instrutor esclareceu:
 
“O aspirante é agora atacado inteiramente no lado psicológico da sua natureza. O processo de testes – na Europa e na Índia – é o da Raja Ioga, e o seu resultado é, como tem sido explicado frequentemente, o desenvolvimento de todos os germes, bons e maus, que há nele e em seu temperamento. A regra é inflexível, e ninguém escapa, quer ele apenas escreva uma carta para nós, ou formule, na privacidade do seu próprio coração, um forte desejo de comunicação e conhecimento ocultos.” [1]
 
Nossos websites associados colocam ao alcance do público livros e artigos sobre o tema da Psicologia. Estudantes da Loja Independente discutem de vários modos a ampliação da ponte essencial entre autoconhecimento, teosofia e ética. Trata-se de uma prioridade em matéria de pedagogia. Não basta estudar e repetir as ideias do conhecimento teosófico. É preciso que cada um mude na vida diária tanto a direção como a substância das suas metas emocionais, e isso acontece à medida que se eleva o foco médio da consciência.
 
Deixando que morram em si o orgulho egoísta e o medo pessoal, o peregrino faz nascer a boa vontade para com os outros. Quando o rancor e a falta de autoconfiança desaparecem, a verdadeira fraternidade germina.
 
Vive de fato a teosofia aquele que abandona o cultivo dos “sofrimentos prediletos” e de “rancores secretos”. Cabe eliminar o boicote a si próprio. O indivíduo orgulhoso, ou que tem inveja dos outros, não é amigo de si mesmo. A vaidade deve ser desmascarada, para que surja um sentimento humilde diante do cosmos e dos Sábios.
 
A sensação agradável de “parecer espiritual” é reconhecida pelo teosofista bem informado como uma fraude narcisista, essencialmente igual a tantas outras falsidades personalistas do mundo de hoje.
 
Quando as frustrações pessoais são reconhecidas como neuroses sem atrativos e jogadas na lata do lixo do carma, nasce a satisfação ilimitada de lutar por um ideal nobre.
 
O prazer de criticar coisas supostamente erradas (nos outros ou em si mesmo) é então  substituído pela satisfação duradoura de curar, de reparar, de melhorar, consertar, resgatar e plantar o que for bom, belo e verdadeiro.
 
Assim o cidadão constrói uma relação correta entre o que diz e o que faz, o que pensa e o que sente, entre o que quer obter na vida e aquilo que orienta de fato as suas ações. A autoestima permite ter respeito pelo seu próximo e também um contentamento incondicional em relação à vida.
 
O desafio diante da Loja Independente não é optar prioritariamente pelo estudo de Helena Blavatsky, das Cartas dos Mestres, dos filósofos clássicos orientais e ocidentais e de textos baseados nestas fontes. Esta opção já foi feita.
 
O desafio do estudante é observar e melhorar a cada passo, de modo invisível mas eficiente, a sua relação direta com o ideal que adotou como seu. Não vale a pena protelar indefinidamente.
 
Que formas de autodisciplina podem fazer uma revolução silenciosa na vida do estudante, para que ele desperte a tempo?
 
E, como diz a tradição judaica, “se não for agora, quando?”
 
Cada dia nos oferece algumas sementes de eternidade, junto com lições valiosas do passado e meios práticos de construir um futuro correto.
 
NOTA:
 
[1] “Cartas dos Mahatmas”, Ed. Teosófica, Brasília, volume II, Carta 136, p. 316.
 
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Em 14 de setembro de 2016, depois de uma análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu criar a Loja Independente de Teosofistas. Duas das prioridades da LIT são tirar lições práticas do passado e construir um futuro saudável.
 
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