Texto de 2006 Anuncia a Derrota do
Populismo Que Rouba o Dinheiro do Povo
 
 
Luciana Genro e Roberto Robaina
 
 
 
Luciana Genro é coautora do livro sobre a falência moral
do PT e militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
 
 
 
Nota Editorial de 2018:
 
O texto a seguir é uma certeira previsão do fracasso do autoritarismo populista no Brasil, e retrata um momento decisivo na vida da esquerda.
 
Em 2006, o PSOL ainda denunciava indignado o roubo do dinheiro público promovido pelo Partido dos Trabalhadores. Pouco tempo depois, porém, a voz do bom senso e da honestidade calou-se no PSOL e em outras agrupações marxistas – e desapareceu a capacidade de lutar contra os ladrões que se apresentam como sendo “de esquerda”.
 
Embora seja um partido filosoficamente estreito, ingênuo e materialista, o PSOL tem o mérito de, até o ano de 2006, ter mantido uma quantidade importante de idealismo e ética. Estas qualidades podem ser retomadas no futuro. Nada impede que este e outros partidos de esquerda superem suas limitações filosóficas e sua dificuldade de pensar com independência, com ética e realismo, caso tenham a honestidade intelectual suficiente para aprender com os seus erros.
 
O fragmento quase profético é reproduzido do livro “A Falência do PT, e a Atualidade da Luta Socialista”, de Luciana Genro e Roberto Robaina, L&PM Editores, Porto Alegre, 2006, 160 pp., pp. 72-73.
 
(Carlos Cardoso Aveline)
 
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A Bancarrota do Partido dos Trabalhadores
 
Luciana Genro e Roberto Robaina
 
O ano de 2005 foi palco da mais grave crise que atravessou a República burguesa brasileira desde o golpe militar de 1964. Foi como que um raio fulminante atingindo aquele que foi o maior e mais importante partido de esquerda da América Latina.
 
O PT, que por vinte anos vangloriou-se de ser diferente dos demais, passou boa parte do ano tentando convencer de que é apenas igual e não pior do que os outros. Prova de que essência e aparência nem sempre coincidem, tal qual o PMDB, a bancarrota do PT foi detonada precisamente no seu auge: no caso do PMDB, depois do Plano Cruzado; no caso do PT, depois da vitória na eleição presidencial de 2002. Aí, teve seu salto de qualidade. O PT chegou à Presidência da República assumindo a ideia de governar com e para o grande capital.
 
Como se não bastasse, e como desdobramento lógico da opção anterior, aceitou e até reproduziu a expressão presente do capitalismo em sua atual fase de decadência imperialista: o neoliberalismo.
 
Assim, o caminho da ruína petista foi pavimentado, pois a lógica do governo capitalista, se por um lado significa defender a acumulação das grandes corporações privadas, por outro lado significa atacar os interesses dos trabalhadores assalariados e do povo.
 
Anunciamos sua bancarrota não tendo como medida a aritmética eleitoral. O partido de Lula terá ainda base eleitoral e tem chances de vencer inúmeras eleições, mas morreu como partido identificado com a transformação estrutural da sociedade brasileira. Já não tem mais na sua base social os setores mais organizados e lutadores da classe trabalhadora e do povo. Com a nova opção de classe plenamente assumida, veio também uma nova moral.
 
Ao conviver com, e em muitos casos promover, a rapina total do Estado em benefício da acumulação privada, parte de seus dirigentes assumiu a moral capitalista: consumismo, badalação nas rodas da fortuna e enriquecimento pessoal.
 
A corrupção, tanto os grandes esquemas que envolvem cifras milionárias, bancos, empresas, fundos de pensão, quanto a corrupção miúda – como a land rover do Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT – obedecem a esta lógica e a esta moral.
 
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O texto de Luciana Genro e Roberto Robaina reproduzido acima foi publicado também na edição de julho de 2016 de “O Teosofista”, pp. 6-7.
 
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Veja em nossos websites associados os artigos “Esquerda, Ética e Fraternidade”, “Marxismo Não Promove o Crime” e “A Ética de Antônio Vieira”.
 
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Em 14 de setembro de 2016, depois de uma análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu criar a Loja Independente de Teosofistas. Duas das prioridades da LIT são tirar lições práticas do passado e construir um futuro saudável
 
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