É Saudável Pensar Honestamente Sobre
As Contradições Humanas no Movimento
Carlos Cardoso Aveline
Em fevereiro de 1892, Henry S. Olcott escreveu em artigo publicado inicialmente em “The Theosophist”:
“Anos atrás – quando chegamos pela primeira vez a Bombaim – H.P.B. contou-me que vários dos Mahatmas, estando reunidos, fizeram com que desfilassem diante deles na luz astral os reflexos no plano psíquico de todos os membros indianos da Sociedade Teosófica.”
Neste ponto, Olcott acrescentou em uma nota de rodapé: “Tudo na natureza física está refletido, como num espelho, em imagens reversas, na luz Astral.” [1]
O artigo de Olcott prossegue com uma descrição e uma discussão do que foi visto nas auras dos teosofistas naquela oportunidade e em outras ocasiões. O artigo deixa claro o perigo do excesso de ascetismo e a necessidade de uma visão realista e equilibrada das coisas.
O testemunho indireto de Olcott sobre este tipo de “observação desde níveis superiores” do movimento teosófico não é o único.
Em 1888, H. P. Blavatsky descreveu em carta para William Judge um episódio que pode ser o mesmo, ou pode ser outro, semelhante. Ela partilhou com Judge uma “visão do alto” que havia tido sobre o movimento teosófico, com ajuda de pelo menos um mestre.
O trecho da carta em que H.P.B. se refere aos Mahatmas e ao movimento é o seguinte:
“Antes de ontem, à noite, foi-me dada uma visão de pássaro em voo sobre as Sociedades Teosóficas. Vi uns poucos teosofistas confiáveis em uma luta de vida ou morte com o mundo em geral, e com outros – nominalmente teosofistas, mas ambiciosos. Os teosofistas confiáveis eram mais numerosos do que você pode pensar, e eles venceram, assim como vocês na América vencerão, se permanecerem leais ao programa de ação do Mestre e verdadeiros para consigo mesmos. (…) As forças defensoras são tão escassas que devem ser sabiamente distribuídas ao redor do globo, onde quer que a Teosofia lute contra os poderes do obscurantismo.” [2]
Por esta descrição da cena do movimento podemos ver que ele é um campo de testes e treinamento, um ambiente complexo onde luzes e sombras se combinam e misturam o tempo todo.
Portanto, é saudável pensar honestamente sobre as contradições humanas no movimento e investigar os desafios e testes enfrentados pelos teosofistas.
Não há necessidade de fingir que tudo é feito de harmonia, nem que as associações teosóficas são hostes angelicais sem contato com a realidade ou sem lições cármicas por aprender. A vitória é obtida quando temos uma certa humildade, uma boa dose de bom senso e uma visão crítica construtiva da vida.
NOTAS:
[1] Do artigo “Asceticism”, no volume “Applied Theosophy and Other Essays”, Henry S. Olcott, TPH, Adyar, India, 1975, 280 pp., ver pp. 200-205, especialmente 202.
[2] Traduzido do artigo “Yours till Death and After, H.P.B.”, de W. Q. Judge, no volume “H.P.B., In Memory of Helena Petrovna Blavatsky”, by some of her Pupils, London, Theosophical Publishing Society, 1891, edição fac-similar, 1991, 96 páginas. O trecho está na página 27. Parte da citação está também no livro “The Friendly Philosopher”, Robert Crosbie, Theosophy Co., Los Angeles, 1945, 415 pp., ver p. 389.
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O texto acima foi publicado em nossos websites associados dia 7 de agosto de 2018. Uma versão inicial dele, sem indicação de nome de autor, faz parte das edições de julho de 2007 e agosto de 2012 de “O Teosofista”.
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