O Espaço Não é Um Vazio. Ele Está Cheio de Almas.
John Garrigues
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O artigo a seguir foi publicado
inicialmente de modo anônimo na revista
“Theosophy”, de Los Angeles, em julho de
1925, páginas 399-400. Título original:
“Space”. Em português, o texto apareceu pela
primeira vez no boletim eletrônico mensal
“O Teosofista”, edição de setembro de 2011.
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Segundo todas as evidências, aquilo que chamamos de espaço pode ser o Conhecedor em nosso corpo. E ele provavelmente é o Conhecedor, porque a única coisa que não se movimenta é o Espaço. A única coisa que não muda é o Espaço, e podemos perceber que há em nós, de fato, alguma coisa que não se movimenta nem um pouco, e que não muda de modo algum.
Os nossos corpos se movimentam, nossas mentes se movimentam. Nossos corpos mudam, nossas mentes mudam. Nossos desejos, aspirações, vontades e sentimentos mudam, mas o “eu” que vivencia essas coisas é o mesmo “eu” que existia em um corpo de criança, em um corpo de bebê. E o mesmo ocorre com cada indivíduo.
O Espaço que está na periferia de uma estrutura corporal não está separado do Espaço que está na periferia de qualquer outra estrutura corporal. O Espaço tampouco é perturbado pela existência, aqui, dos nossos corpos; nem pelo fato de que eles se tornam maiores, ou menores, mais velhos, ou mais jovens, ou pelo fato de que estejam chegando ou saindo.
Em última análise, de onde que surgiram estes corpos? Do Espaço. Onde eles existem agora? No Espaço. Para onde irão, depois que se dissolverem? Para o Espaço.
Aquilo em nós que vive e que pensa é parte do Espaço eterno, indivisível e abrangente.
O sol pode ser visto como símbolo do Espírito, e a lua como símbolo da matéria. Ambos estão no Espaço; há muita amplitude em torno deles, e, no entanto, há uma diferença colossal entre o sol e a luz do sol; e entre a lua e a luz da lua.
Se o sol fosse dissolvido, ele só poderia ser dissolvido no Espaço. Quando o sol surgiu, ele surgiu do Espaço, e enquanto ele existir, ele deve existir no Espaço. Por mais longa que seja a sua vida, o sol teve um começo, e terá um final. Onde ocorrerá este final? No Espaço. Seja qual for a ação de qualquer planeta, de qualquer partícula de pó ou molécula, ou ser humano, onde ela ocorre? No Espaço.
O Espaço é um símbolo da Divindade onipresente, e a Divindade não pode ser representada de outra maneira. Pensar que nós mesmos – nossos eus e nossas consciências – somos porções indivisíveis de Espaço, é ter diante da mente de certo modo uma imagem do que é imortal, e da unidade de toda a Vida. Isso nos leva a reconhecer que é errado considerar como reais as coisas e objetos que existem no Espaço, ao invés de considerar como real o Espaço, do qual todas as coisas vieram, no qual todas elas vivem, e ao qual todas elas devem retornar.
Devemos deixar de lado esta falsa ideia.
Quando observamos os objetos no Espaço, vemos que a amplitude dele tem lugar suficiente para abrigar um bilhão de gerações de todos os seres que peregrinam solitários ao longo dos campos mais vastos. Qualquer ser humano, por mais “comum” que seja a sua mente, pode compreender, portanto, que o Espaço não é um vazio. O Espaço está cheio de almas.
Nós conhecemos aqui apenas uma combinação, um composto feito de barro, que une Espírito, Alma, mente e corpo. E a mente e o corpo obscurecem a luz do Espírito e da Alma, da mesma forma que as emanações terrestres podem obscurecer o sol do meio-dia.
De que modo um ser humano consegue peregrinar à vontade através das infinidades do Espaço, tendo a companhia das almas por toda parte e vivendo em comunhão com elas? De que modo poderia tal ser humano usar imagens ilimitadas, parábolas e símbolos, para falar a nós sobre as únicas realidades que existiram, existem e existirão no futuro?
Abençoadas são aquelas almas que habitam o Espaço invisível e que usam corpos não-corporais.
Infelizes são as almas que habitam o Espaço usando formas objetivas, e que pensam em si mesmas como se fossem apenas um corpo e tivessem apenas uma mente!
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Para conhecer um diálogo documentado com a sabedoria de grandes pensadores dos últimos 2500 anos, leia o livro “Conversas na Biblioteca”, de Carlos Cardoso Aveline.
Com 28 capítulos e 170 páginas, a obra foi publicada em 2007 pela editora da Universidade de Blumenau, Edifurb.
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