As Incertezas Podem Paralisar-nos, ou
Podem Levar-nos a Procurar a Verdade
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
 
 
Alguns autores teosóficos têm rejeitado desde o início do século 20 o processo da dúvida psicológica durante o estudo de teosofia. Afirmam que duvidar com frequência provoca uma lamentável falta de firmeza no caminho espiritual.
 
De fato, o processo da dúvida é um sintoma de fraqueza, pelo menos quando não existe uma vontade firme de aprender mais e de buscar a verdade.
 
Para pessoas que estão presas a um processo dogmático, porém, a dúvida é um fator positivo.
 
O fanático cristão duvida de seus próprios dogmas e fica curioso em relação à Teosofia. O leitor de falsa filosofia esotérica se cansa de lugares-comuns açucarados e começa a ler textos da teosofia autêntica de Helena Blavatsky. O cidadão de mentalidade materialista subitamente duvida que a posse de dinheiro seja a experiência suprema da vida humana, e passa a querer algo que está além dos bens materiais.
 
O teosofista – seja ele neófito ou experiente – pesquisa e estuda o tempo todo, examinando e verificando as inúmeras questões e dúvidas que povoam a sua mente. Nas mais diferentes situações, a dúvida ajuda o peregrino a caminhar na direção da verdade. A mente aberta não teme a dúvida. A mente aberta vai além do questionamento e, com a ajuda da dúvida, avança no rumo do conhecimento divino.
 
O oposto de duvidar, portanto, não é ter alguma convicção cega ou automática. O contrário da dúvida prejudicial não é uma “certeza” emocional. A cura para a dúvida exagerada é o conhecimento vivo, em primeira mão, experimental, sem intermediários.
 
O movimento teosófico não tem dogmas nem preceitos que não possam ser questionados.
 
A pedagogia teosófica clássica é essencialmente socrática em seu método de pesquisa e ensino. A filosofia esotérica está aberta a perguntas. Ela acolhe qualquer incerteza honesta e toda dúvida sincera. Porém aquelas dúvidas que são apenas uma desculpa emocional para o ceticismo cego – ou um pretexto para manter-se na preguiça mental – causam verdadeiro dano e devem ser denunciadas como mecanismos psicológicos da ignorância subconsciente.
 
As dúvidas neuróticas não são bem-vindas à teosofia porque não levam à busca da verdade, mas, ao contrário, fazem com que as suas vítimas caiam no desânimo, no marasmo, ou na hipocrisia. As “dúvidas desanimadoras” não são verdadeiras dúvidas. São instrumentos subconscientes do ressurgimento da estrutura mental materialista ou dogmática.
 
Através da dúvida, a mente materialista subconsciente pretende fazer com que rejeitemos qualquer busca ativa pela verdade. Esse tipo de falsa dúvida funciona como um “extintor de pensamento”, para citar uma expressão usada por H.P. Blavatsky. As perguntas são suprimidas para que se deixe de lado o esforço de pensar por si mesmo.
 
No entanto, o movimento teosófico não é uma igreja. Não é uma seita e não possui qualquer dogma sobre o qual não se possa pensar e fazer perguntas. As suas doutrinas e os seus princípios devem ser questionados, examinados, verificados e percebidos no coração de cada um.
 
O movimento não é uma federação de pretensos donos da verdade universal. A verdade não tem donos.
 
As associações teosóficas autênticas reúnem amigos da verdade que podem compartilhar – em parte – a substância da verdade; mas nunca agirão como se fossem proprietários dela.
 
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O texto acima foi publicado nos websites associados dia 6 de julho de 2021. Trata-se de uma tradução feita pelo próprio autor, que usou de liberdade ao escolher as palavras. Clique para ver o artigo original: “Are Doubts Acceptable in Theosophy?”. 
 
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