Setenta Provérbios de Portugal, Comentados
Desde o Ponto de Vista da Filosofia Esotérica
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
Bonde no Mercado da Ribeira, Lisboa antiga. Aguarela de Vanessa d’Azevedo.
 
 
 
Há uma relação de afinidade entre a filosofia esotérica e os provérbios antigos, transmitidos de geração em geração pelos sábios e pela memória popular.
 
Os provérbios são numerosos nas escrituras judaicas e na Bíblia cristã. Em todos os povos, orientais e ocidentais, são conhecidas as compilações de dizeres populares, os quais, observados com atenção, transmitem sabedoria. A “Bíblia de Jerusalém” inclui o livro judaico de Sira ou Sirac, que os cristãos, ao adotarem-no como se fosse seu, batizaram como “Eclesiástico”.
 
É um livro extraordinário por seus ensinamentos éticos, ponto forte do judaísmo, e ali podemos ver esta afirmação teosófica sobre a vida diária dos sábios e dos estudiosos de todos os tempos:
 
“[Aquele que medita na lei do Altíssimo] investiga a sabedoria de todos os antigos, ocupa-se das profecias. Conserva as narrações dos homens célebres, penetra na sutileza das parábolas. Investiga o sentido obscuro dos provérbios, delicia-se com o segredo das parábolas.” [1]  
 
De fato, espalhados em meio aos ditados populares de todos os povos, podemos encontrar aqui e ali fragmentos da sabedoria esotérica universal.
 
Neste contexto, trago setenta provérbios e dizeres populares de Portugal, selecionados da coletânea publicada por José Alves Reis em 2014. Estão numerados, e acrescento a eles comentários à luz da filosofia teosófica. Ao final de cada grupo de provérbios, uma nota de rodapé indica a fonte exata, mas há uma exceção: no último grupo, que vai do ditado 59 em diante, a página é indicada nos próprios comentários.
 
A Lição do Equilíbrio
 
1) “Nem oito nem oitenta.”
 
Nem tanto, nem tão pouco. Evite o exagero. Avance pelo caminho do meio, o caminho da moderação.
 
2) “Nem tudo o que reluz é ouro, nem tudo o que alveja é prata.”
 
Não se deixe enganar pelo verniz. Procure a essência. Seja lento ao formar uma ideia das coisas e, quando tomar posição, terá firmeza.  
 
3) “Ninguém é profeta em sua terra.”
 
O excesso de familiaridade impede conhecer as pessoas e torna invisíveis os talentos delas. Se existe desapego e a devida distância é preservada, torna-se mais profundo o olhar com que vemos os outros seres.
 
4) “Nenhum pássaro aprende a voar dentro de uma gaiola.”
 
É ilusória a proteção oferecida pelo apego. A transcendência é uma lei da vida. Existir em profundidade significa, entre outras coisas, viver em movimento. Tudo retorna às suas origens, uma e outra vez. 
 
5) “Ninguém perde o que não tem.”
 
Quando o peregrino percebe que as posses e propriedades são em grande parte uma ilusão, ele aceita a pobreza interior e passa a buscar valores e tesouros imperecíveis. Quem nada possui – ou sabe que as posses são coisas passageiras – pouco ou nada tem a perder, e pode viver o que realmente importa. 
 
6) “Ninguém se levanta sem primeiro cair.”
 
É preciso lidar corretamente com a derrota, para conhecer a vitória interior. O tesouro dos céus pertence a quem nada possui na terra. Os sofrimentos com frequência ensinam mais que os momentos agradáveis.
 
7) “Ninguém sabe o que é ser filho, a não ser quando é pai.”
 
Quando temos uma criança para cuidar, vemos a infância com outros olhos. Ao criar os nossos filhos, entendemos melhor as limitações dos nossos pais.
 
8) “No fim tudo acaba bem: se não está bem é porque não terminou.” [2]
 
Só se termina de fato algo quando se chega à serenidade.
 
O Tempo é Mestre da Vida
 
9) “Não há melhor juiz que o tempo.”
 
A vida esclarece a verdade pouco a pouco e no ritmo certo. Aquele que possui uma visão de longo prazo conta com o Tempo como seu amigo, seu mestre e protetor.
 
10) “Nenhum vento é favorável para quem não sabe onde ir.”
 
Defina o seu rumo e saberá onde pisa. Ao estabelecer sua meta, confirme que ela é nobre, e terá certeza de que caminha numa direção que vale a pena. Evite toda ilusão. Seja sincero com todos. Preserve a quantidade necessária de silêncio. Assim não haverá perda de tempo em sua existência.
 
11) “Não sabe governar quem tudo quer controlar.”
 
Siga a filosofia de Epicteto: trate de administrar aquilo que depende de você e está a seu alcance; não tente controlar o que não depende de si. Empregue bem suas energias. Quem tudo quer, tudo perde. Seja modesto, concentre suas energias e alcançará o que deseja.
 
12) “Não sabe mandar quem não sabe obedecer.”
 
Exerça disciplina sobre si mesmo, e saberá disciplinar os outros. Ensine a si próprio, e poderá ensinar o seu próximo. Obedeça à voz da sua consciência, e terá um certo grau de autoridade diante da vida. Elimine a ignorância em si mesmo, e poderá ajudar outros a alcançar o conhecimento.
 
13) “Não sujes o poço em cuja água hás de beber.”
 
Respeita a tua alma. Afasta-te do que não é valioso. Reverencia tudo aquilo que te inspira para o bem. Fortalece cada dia a tua afinidade com a sabedoria eterna. [3]
 
Preparando o Dia de Amanhã
 
14) “Não faças nada hoje que te envergonhe amanhã.”
 
Ou, como diz outro provérbio, “não há coisa escondida que não venha a ser sabida”. A ideia pertence à tradição pitagórica, e também aos ensinamentos cristãos.
 
Não exija perfeição de si mesmo: exija aperfeiçoamento. Tudo o que alguém faz, pensa ou sente é registrado na luz astral e passa a fazer parte do seu carma, como crédito ou como débito. Ser autorresponsável significa lembrar que tudo é plantio. A colheita pode tardar, mas não falha.
 
15) “Não faças nada sem consultar o travesseiro.”
 
Nas decisões importantes, evite a impulsividade. Uma noite de sono permite fazer com que uma ideia amadureça e se depure. Não há nada como uma mente descansada, logo pela manhã, para examinar os fatos com lucidez e equilíbrio. 
 
16) “Não fales sem ser perguntado e serás estimado.”
 
Na dúvida, opte pelo silêncio. Tome posição quando tiver conhecimento suficiente para que seu ponto de vista seja estável, e só depois de levar em conta, calmamente, todos os fatores envolvidos.
 
17) “Não há atalho sem trabalho.”
 
Não perca tempo esperando felicidade, mas plante as sementes do bem-estar e construa as bases do contentamento. 
 
18) “Não há efeito sem causa.”
 
A árvore se conhece pelos frutos. A filosofia esotérica estuda as causas pelos seus efeitos, e os efeitos pelas suas causas. A vida é um encadeamento criativo de causas e consequências. A história dos povos e das pessoas reflete o carma acumulado, tanto no âmbito coletivo como no nível individual. [4]
 
Coragem e Prudência Andam Juntas
 
19) “Confia, desconfiando.”
 
Pense positivo em relação ao futuro, mas esteja preparado para o pior. A cautela é irmã da coragem e permite que ela seja exercida com discernimento. A primeira palavra deste provérbio é fundamental: é preciso ter confiança. 
 
20) “Conforme somos, assim julgamos.”
 
A visão que se tem da vida depende da experiência acumulada. Vemos fora de nós em grande parte aquilo que está em nosso interior. Por isso aquele que costuma falar mal de pessoas ou situações necessita sobretudo conectar-se ao que há de bom em seu próprio interior. Feito isso, poderá ver e estimular o que há de bom no mundo, e nos outros.
 
21) “Conhece-se o marinheiro quando vem a tempestade.”
 
É diante das dificuldades que o caráter de alguém se mostra. O sábio evita contar vantagem, mas procura estar preparado para os momentos decisivos.
 
22) “Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje.”
 
Viva e faça a cada dia o que lhe é próprio e não mais, nem menos. A quota de cada dia inclui o necessário descanso e a calma indispensável para que o trabalho seja durável e tenha qualidade. Não faça coisas desnecessárias, não jogue fora tempo ou energia, mas realize o que deve ser realizado. [5]
 
Um Amigo Sincero é um Mestre
 
23) “Bons amigos, bons conselhos.”
 
Onde há verdadeira amizade há espaço para examinar erros e indicar o caminho do aprendizado. A amizade que pode ser destruída pela franqueza não tem alicerces reais.
 
24) “Bons livros, bons amigos.”
 
Ler um texto é conversar com o seu autor. Através dos bons livros podemos conhecer e fazer amizade com almas sábias de todos os tempos e diferentes nações.
 
25) “Cá se fazem, cá se pagam!
 
Aqui se faz, Aqui se paga. O que se planta, se colhe, nos diferentes níveis de consciência e de realidade. Nenhum erro acontece sem que haja mais de uma lição correspondente.  
 
26) “Cada cabeça uma sentença.”
 
O jeito de pensar é individual. Não há duas pessoas que pensem ou sintam de modo idêntico.  
 
27) “Cada coisa a seu tempo.”
 
Só se pode agir acertadamente quando se leva em conta a ocasião adequada, o ritmo da ação, o contexto evolutivo e o tempo específico das circunstâncias.
 
28) “Cada doçura custa uma amargura.”
 
Há uma simetria entre dores e prazeres, conforme é observado no artigo “A Lei da Simetria”. A busca do prazer atrai sofrimento, enquanto uma vida austera, com pensamento elevado, permite a verdadeira felicidade. Toda civilização apressa o seu final na medida em que prioriza os prazeres materiais e despreza o caminho da moralidade superior. A mesma lei é válida para o indivíduo e os grupos, grandes ou pequenos.
 
29) “Cada macaco no seu galho.”
 
Todo ser humano é único. Merece viver sua própria vida, e deve aprender por si mesmo através da escuta da sua alma. É melhor não incomodar os outros à toa. Cada ser é senhor do seu carma e dharma, do seu próprio dever e do seu potencial superior. [6]
 
Nem Tudo Pode Voltar Atrás
 
30) “As pedras e as palavras não voltam atrás depois de lançadas.”
 
Os erros podem ser compensados por ações corretas no sentido oposto. Por outro lado, devemos pensar bem antes de agir, evitando errar e agindo certo.  
 
31) “Bem começado é meio feito. O que é bem pensado não sai errado.”
 
É preciso saber com nitidez para onde se vai e o que se deseja alcançar. O modo como se começa algo define o rumo da ação. Há mudanças de rumo, na vida, mas toda mudança de rumo é um outro começo. 
 
32) “Bem querer e bem fazer, muito importa para bem viver.”
 
A boa vontade e a ação correta são parte da felicidade.
 
33) “Boa mesa, mau testamento.”
 
Comer muito torna a vida mais curta.
 
34) “Boa árvore não dá mau fruto.”
 
O que se faz revela o que se é. Somos o que fazemos, portanto. A árvore se conhece pelos frutos. [7] 
 
Praticar o que Aprendemos
 
35) “Aprende e saberás. Aprende, pratica, e serás mestre.”
 
Tolo é quem pensa que sabe tudo. A razão da vida é aprender. Para ajudar os outros, lembre: “o exemplo é o modo mais eficiente de ensinar”. É fazendo que se aprende.
 
36) “Ar de importância é pura ignorância.”
 
Quanto mais sabe aquele que é sensato, mais deseja aprender. Quanto menos sabe aquele que é tolo, mais ele deseja parecer sábio aos olhos dos outros. Através da vaidade, as almas infantis prejudicam a si mesmas.
 
37) “Arte de agradar, arte de enganar. As aparências enganam!
 
Quem deseja ser demasiado agradável nem sempre merece confiança. A autenticidade não se preocupa com o verniz, mas confia no conteúdo.
 
38) “As boas ações fazem mais do que as palavras.”
 
Palavras sem ações são como moeda falsa. Os atos concretos são a forma mais eloquente de dizer o que se pensa. Mas as palavras também podem descrever um ideal que nos esforçamos sinceramente por alcançar, e que alcançaremos se perseverarmos.
 
39) “[Quando] as obras falam, as palavras calam.” [8]
 
Cabe ensinar pelo exemplo. É recomendável prestar mais atenção às ações que ao discurso.
 
O Preço do Conhecimento
 
40) “A quem muito foi dado muito será pedido.”
 
Quanto maior a oportunidade, maior a responsabilidade. Pense bem antes de pedir algo, e quando conseguir o que desejou, administre bem a sua vitória.
 
41) “A pressa é inimiga da perfeição.”
 
Devagar se vai ao longe. A ansiedade distorce as percepções, reduz a lucidez e impede a plenitude do equilíbrio. Disso resulta a perda de energia. A rapidez consegue-se com calma. As decisões adequadas, tomadas sem atropelo, permitem economizar tempo.
 
42) “A razão e a verdade fogem quando ouvem disputas.”
 
O hábito de competir e invejar e a luta pelo poder fazem com que o comportamento seja governado por instintos cegos, ainda que possam estar disfarçados por aparências de ética e espiritualidade. A conduta reativa não é racional, e bloqueia a capacidade de raciocinar com isenção. Em toda guerra, a primeira vítima é a verdade.
 
43) “A sabedoria vem do escutar; do falar, vem o arrependimento.”
 
Diante deste axioma, é oportuno permanecer em silêncio.
 
44) “A serenidade vence o furor.”
 
A raiva é uma desorganização da consciência e consiste de um mal-estar do sistema nervoso. O bom guerreiro luta com uma firmeza serena e impessoal, e por isso tende a vencer. O espírito da justiça e a compreensão filosófica das coisas desarmam as bombas do rancor. Os sábios imortais possuem uma ‘compreensão absoluta’ para a qual nada é opaco e tudo é transparente.
 
45) “A sombra passa, a luz fica.”
 
O erro não tem futuro. Um fracasso é apenas uma lição, mas o aprendizado é permanente.
 
46) “A sorte ajuda às vezes, o trabalho sempre.”
 
Trabalhar é plantar bom carma. A casualidade feliz é o jeito espontâneo pelo qual aflora o carma positivo perseverantemente acumulado em ciclos anteriores de trabalho.
 
47) “A sorte bate uma vez à porta de cada um.”
 
Aquele que faz por merecer sabe aproveitar a oportunidade quando ela surge. A boa sorte não bate à nossa porta por acaso. Surge como resultado de um esforço que durou o tempo certo. [9]
 
A Chave do Contentamento
 
48) “A felicidade está onde cada um a põe.”
 
Examine se é sábia e realista a sua visão do que significa contentamento para você. Veja “onde coloca o seu bem-estar”. Avalie os fatores de que ele depende. Para a teosofia, a bem-aventurança surge de um determinado estado de consciência e não desta ou daquela situação.
 
49) “A dúvida é a sala de espera do conhecimento.”
 
A dúvida honesta expressa uma postura construtiva e leva à busca da verdade. Ter dúvidas significa saber que não se sabe, e constitui o primeiro passo para a aprendizagem.
 
50) “O excesso de familiaridade provoca desrespeito.”
 
A autonomia interior de cada um deve ser respeitada. Todo ser vivo possui uma dignidade própria que a comunhão e o convívio não têm o direito de esquecer.  
 
51) “A ignorância do bem é a causa do mal.”
 
Veja o erro com todo rigor, e tome providências, mas não pense nele mais do que o necessário. Concentre-se sobretudo no bem. Pense no que é correto, e o que é correto se expandirá. [10]
 
Procurando pelo Contentamento?
 
52) “A alegria não está nas coisas: está em nós.”
 
Observe bem os seus estados de consciência. Lembre que tudo depende do ponto de vista que adotamos.
 
53) “A amar e a orar ninguém se pode obrigar.”
 
Cada peregrino é no seu interior independente, e sua autonomia deve ser respeitada.
 
54) “A amizade não tem preço.”
 
A sinceridade está acima de jogos de poder e manipulações. O mais valioso não está sujeito a compra e venda.
 
55) “À árvore sem fruto não se atira pedra.”
 
Examine sempre a intenção com que são feitas críticas. Quase todo aquele que atua de modo verdadeiro e útil desperta inveja, e é atacado.
 
56) “A bondade e o perdão só fazem ingratidão.”
 
Antes de ajudar alguém, verifique se a pessoa merece.
 
57) “A caixa menos cheia é a que mais chacoalha.”
 
Tonel vazio é que faz barulho. Quem tem a cabeça vazia fala demais. Aquele que nada realiza faz gritaria. O Tao Teh Ching ensina: “quem sabe não fala; quem fala não sabe”.
 
58) “A destreza pode muito, mas a perseverança pode mais.”
 
Durável é aquilo que se faz com paciência e a partir de uma visão de longo prazo das coisas. Quanto à destreza, “é fazendo que se aprende”. A ideia do ditado é que devagar se vai ao longe. “A rapidez consegue-se com calma”, conforme vemos à página 286. A pressa é inimiga da perfeição, e a teosofia coincide com a sabedoria popular ao dizer que não há nada como um dia depois do outro. [11]
 
O Dever e a Felicidade
 
59) “Cumpre sempre o teu dever se não te queres arrepender.”
 
Página 38 da obra citada.
 
Existe uma ioga do cumprimento do dever. É chamada Carma Ioga. O cumprimento do dever pessoal inclui escutar e obedecer à voz da nossa consciência, nossa alma imortal. Cabe, assim, combinar do modo mais harmonioso possível os diferentes níveis de dever que temos: diante de nós mesmos, na família, na profissão, na comunidade, em relação ao mundo divino.
 
60) “De calar ninguém se arrependa quando na discussão ninguém se entenda.”
 
Página 39.
 
Durante um debate acalorado, as ideias todas começam a ficar distorcidas, devido ao modo ansioso de pensar. Onde as vozes se elevam, o sentido de justiça corre perigo.
 
61) “Encobrir o erro é errar outra vez.”
 
Página 48.
 
A hipocrisia é o caminho largo para dores desnecessárias. A humilde sinceridade, porém, funciona como alicerce sólido da paz.
 
62) “Há três coisas que jamais voltam: a flecha lançada, a palavra dita e a oportunidade perdida.”
 
Página 55.
 
A Oportunidade é uma deusa que passa a toda velocidade à nossa frente. Cada palavra gera carma. A palavra sábia produz felicidade; a tolice abre as portas do sofrimento.
 
63) “Mais vale cautela que arrependimento.”
 
Página 60.
 
Prevenir é melhor do que remediar. Pense antes de agir.
 
64) “Mais vale um coração sem palavras que palavras sem coração.”
 
Página 61.
 
Um silêncio sincero é preferível a palavras falsas.
 
65) “Merece primeiro e pede depois.”
 
Página 63.
 
Helena Blavatsky escreve no seu artigo “Chelas e Chelas Leigos”: “Antes de desejar, faça por merecer”. Ou seja, antes de colher, é recomendável plantar.  
 
66) “Cada um tem o que merece.”
 
Página 278.
 
Há numerosas exceções. A lei da justiça cármica é um processo dinâmico. O ajuste é constante. Injustiças ocorrem, mas a correção virá a seu devido tempo. Podemos dizer que “cedo ou tarde, cada um tem o que merece”. Este dizer reforça o pensamento anterior.
 
67) “A dormir não se ganham vitórias. A preguiça torna tudo difícil; o trabalho tudo facilita.
 
Página 286.
 
Quem planta, colhe. Carma Ioga é a ioga da ação correta. “Peçam, e será dado a vocês. Busquem, e vocês encontrarão; batam, e a porta será aberta a vocês”. (Mateus, 7: 7)
 
68) “A sorte varia: hoje está a favor, amanhã já contraria.”
 
Página 278.
 
As ondas do carma oscilam para cima e para baixo. Cabe ser humilde nas subidas e firme e também humilde nas descidas. Como se pode aumentar a sintonia com a boa sorte? Veja o artigo “Aspectos Sagrados da Serendipidade”.
 
69) “Mais anda quem tem bom vento, do que quem muito rema. Mais vale sorte que sabedoria.”
 
Estes dois ditados da página 278 trazem consigo uma filosofia ingênua e infantil.
 
Na verdade, a boa sorte resulta do bom carma acumulado. E bom carma é construído quando existe sabedoria. Portanto, é a sabedoria que leva à felicidade e atrai o vento agradável. Toda vitória deve ser recebida com simplicidade. O mais importante é fazer por merecer o contentamento interior.
 
No entanto, se tivermos discernimento e vocação de vitória, colocaremos as velas de modo a usar até mesmo o mau vento para chegar ao que é bom. Através dos sofrimentos podemos chegar à sabedoria e à felicidade. A divindade escreve certo por linhas tortas. O bom navegador chega ao seu destino mesmo com maus ventos.
 
70) “Quem muito escolhe, pouco acerta.”
 
Página 279.
 
O cidadão sensato é cuidadoso nas decisões, mas evita postergá-las indefinidamente. Como diz um provérbio à página 37, “Contas adiadas saem furadas”: quando postergamos demasiado uma tarefa, perdemos energia magnética e tudo fica mais difícil. Por outro lado, uma vez que tomamos uma decisão, cabe confiar nela e agir à altura. Os indecisos precisam educar e fortalecer a sua própria vontade. O buscador da sabedoria constrói a si mesmo. Só com uma vontade de ferro alguém aprende a tomar decisões duráveis, e a agir à altura delas. Sempre será possível aprender com os seus erros.
 
NOTAS:
 
[1] “Eclesiástico”, o livro de Ben Sira, cap. 39, 1-3, no volume “A Bíblia de Jerusalém”, Ed. Paulinas, 1985, 2366 páginas, ver p. 1304.
 
[2] “Os Provérbios dos Nossos Avós”, de José Alves Reis, Litexa Editora, Lisboa, 2014, 312 páginas. Ver páginas 73 a 75.    
 
[3] “Os Provérbios dos Nossos Avós”, de José Alves Reis, Litexa Editora, Lisboa, 2014, ver páginas 70 a 72.  
 
[4] “Os Provérbios dos Nossos Avós”. Obra citada. Páginas 69 e 70.    
 
[5] “Os Provérbios dos Nossos Avós”. Obra citada. Os três primeiros ditados deste grupo estão na página 37. O quarto ditado está na página 68.      
 
[6] “Os Provérbios dos Nossos Avós”. Obra citada. Páginas 29 a 30.   
 
[7] “Os Provérbios dos Nossos Avós”. Obra citada. Páginas 25 a 28.   
 
[8] “Os Provérbios dos Nossos Avós”, páginas 24 e 25.   
 
[9] “Os Provérbios dos Nossos Avós”, obra citada. O provérbio número dois é da página 14. Todos os demais estão na p. 15.  
 
[10] “Os Provérbios dos Nossos Avós”, pp. 10 e 11.
 
[11] “Os Provérbios dos Nossos Avós”, obra citada, pp. 7 a 10.
 
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O texto “A Teosofia nos Ditados Populares” foi publicado nos websites da LIT no dia 29 de julho de 2024.
 
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
 
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