A Verdadeira História é a História da
Evolução da Alma dos Povos e das Pessoas
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
Martim Afonso de Souza (1500-1564) e Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891)
 
 
 
Amigos,
 
Os desafios que o Brasil vem enfrentando no século 21 são bons para o país.
 
Obstáculos e impasses nestas décadas iniciais significam uma purificação. O carma negativo vem para cima da mesa: assim torna possível a renovação profunda da vida brasileira. O renascimento espiritual ocorrerá de modo natural. Fluirá de dentro para fora, e não de fora para dentro.
 
Se queremos fazer uma análise teosófica do Brasil, é necessário olhar para a História sem apego à rotina superficial dos historiadores estreitos, que preferem permanecer espiritualmente cegos. A ignorância pode parecer agradável, e muitos têm até orgulho de negar o lado espiritual da vida.
 
O primeiro fato básico a reconhecer na compreensão teosófica é que existe uma diferença entre o Brasil território e o Brasil colonização. O território físico foi descoberto no plano oficial em 1500, embora na verdade a Terra do Brasil já fosse informalmente conhecida antes. O Brasil como um projeto de país, um processo coletivo prático, um projeto comunitário, só começa em 1531, com a expedição de Martim Afonso de Souza.
 
É neste ano que a descoberta nominal de um território, feita em 1500, se transforma em uma colonização, ou seja, na construção prática de uma comunidade. Isso não diminui a importância de 1500. Pedro Álvares Cabral é uma figura inspiradora para o país, e não por acaso temos um material valioso sobre ele nos websites da LIT. [1]
 
Mas a ação de Martim Afonso de Souza permite uma compreensão mais profunda do ciclo amplo que une 1500 a 1531. O período corresponde basicamente a um ciclo de Saturno, com uma pequena margem de sobra. Afonso de Souza completa o que Cabral começou.
 
A data de 1531 tem importância também devido à doutrina teosófica dos ciclos. Temos aqui, para aplicar à história do Brasil, pelo menos dois ciclos: o de cem anos e o de quinhentos.
Vejamos então alguns fatos básicos, ainda que avulsos.
 
A independência do país, ocorrida em 1822, só se completa e se harmoniza em 1831, com a Abdicação de Dom Pedro I. Ou seja, três ciclos de cem anos depois do começo da colonização, com Afonso de Souza.
 
Começava, ali em 1831, um período formativo e inspirador da história do país. [2]
 
Em 1930-1931, exatamente quatro ciclos de cem anos depois de Martim Afonso de Souza, tivemos a chamada Revolução de 1930, que abriu com Getúlio Vargas uma etapa inteiramente diferente na vida do Brasil. Em 2031, teremos finalmente o verdadeiro ciclo de 500 anos na História do Brasil. 
 
Assim como houve um período de “desorientação” antes de 1531, houve também alguns anos de “desorientação” antes de 1831, e antes de 1931.
 
Caso os brasileiros sintam que o país está um pouco desorientado nos anos 2020, cabe ter paz-ciência. Nesta época é apropriado fazer o melhor possível, estimular uma visão filosófica espiritual das coisas, e plantar as sementes do bom senso e da ética que queremos ver neste país ainda jovem, nascido para um futuro brilhante.
 
A série de ciclos centenários iniciada em 1531 coincide com o ciclo centenário do nascimento de Helena P. Blavatsky, a fundadora do movimento teosófico moderno.
 
Para muitos teosofistas, HPB, será reconhecida no futuro como uma grande instrutora da humanidade.
 
Trata-se aparentemente da primeira mulher entre os grandes instrutores espirituais de todos os tempos. Helena Blavatsky é vista como grande instrutora não só pelos seus ensinamentos, mas por ter agido como porta-voz e mensageira direta de sábios orientais que não precisam renascer através da reencarnação, e são como os Imortais do taoísmo clássico, porque transcenderam inteiramente o mundo físico, embora ainda permaneçam nele, apenas para ajudar a humanidade.
 
Assim, Helena Blavatsky, vista como instrutora da humanidade, é muito mais do que Helena Blavatsky, vista como um ser terrestre. A parte sete do livro “Helena Blavatsky”, de Sylvia Cranston (Ed. Teosófica) descreve em detalhes o impacto enorme do trabalho de Blavatsky sobre a história humana, nas diferentes áreas da vida, mas este impacto se tornará mais visível com o tempo. Um grande instrutor tem uma relação espiritual com cada país do planeta, porque seu Espírito chega à alma de todos. 
 
Blavatsky nasceu em agosto de 1831, o ano em que se completavam três ciclos de cem anos desde que foi iniciado o processo brasileiro.
 
Em 2031, se completam os dois primeiros ciclos de cem anos do nascimento da pensadora russa. Isso talvez seja mera coincidência, mas não deixa de ser interessante, porque os teosofistas brasileiros têm as suas próprias responsabilidades e os seus ciclos específicos de acordo com a Lei do Carma.
 
Por exemplo, sabe-se que, na verdade, o movimento teosófico internacional não foi criado em 17 de novembro de 1875, exceto no plano das aparências, mas sim em 7 de setembro de 1875. E o sete de setembro é uma data importante para os brasileiros, por causa da independência em 1822. [3]
 
Seja qual for a década em que estejamos, um dos deveres dos teosofistas e dos estudantes de filosofia é trazer ao Brasil, e aos nossos países todos, onde quer que vivamos, uma visão mais ampla e profunda da História.
 
Cada nação deve investigar o mistério do seu destino, e revelar até onde possível a dimensão espiritual da vida comunitária. Em Portugal como no Brasil, algo já foi feito neste sentido.  
 
A História não é a narrativa da evolução material dos povos. Este tipo de abordagem é na verdade uma história da carochinha, uma história para boi dormir. 
 
A verdadeira História é a história da evolução da alma dos povos e das pessoas, o que inclui necessariamente a sua evolução material e a evolução dos ecossistemas que permitem a vida humana.
 
A verdadeira história leva em conta o fato básico de que a alma do universo está presente na natureza e no mundo dos vegetais, assim como no mundo animal, no mundo humano e em cada país, cidade, família, e indivíduo. Nas Cartas dos Mahatmas, lemos que “cada grão de areia, cada pedra arredondada ou rochedo de granito é aquele espírito [Uno Universal] cristalizado ou petrificado.” [4] 
 
O planeta é sagrado, e o país em que vivem os brasileiros é sagrado, assim como os outros países. Estão certas a filosofia russa e a filosofia esotérica: o mundo material está no espírito, assim como o mundo espiritual está na matéria. Não há separação. Há diferenças e contrastes – que são bem-vindos e necessários – mas diferença não significa separação. “O mundo é um todo orgânico”, afirma N. Lossky em “La Matière, L’Intuition et la Vie”, 1928, p. 26.
 
O Que é o Brasil
 
Deste modo podemos deduzir e perceber, em paz, que o Brasil – tal como os outros países – é uma nação iluminada. Esta ideia talvez pareça demasiado óbvia, mas é fundamental e portanto deve ser estabelecida no centro da nossa análise, para evitar a escorregadia e perigosa ilusão do materialismo.
 
O Brasil existe no plano da alma. Constitui uma comunidade de espíritos honestos cuja vocação é a verdade e a paz. O que não é sincero não pode durar, e portanto não pertence ao nível superior da comunidade cuja construção orgânica começa em 1531.
 
No entanto, o Brasil como território espiritual precisa ser novamente descoberto, e reconstruído.
 
Neste sentido, metaforicamente, é como se tivéssemos que colocar a nossa âncora outra vez em Porto Seguro. Cabe avançar com calma neste rumo. Pequenos projetos fazem a diferença. A Loja Independente de Teosofistas, por exemplo, possui uma linha de ação e pesquisa que visa contribuir silenciosamente para a preparação da vitória. 
 
NOTAS:
 
[1] Leia o livro “Pedro Álvares Cabral”, de Metzner Leone. Extremamente rara em papel, a obra está disponível, completa em PDF, nos websites da Loja Independente de Teosofistas. Veja ainda “A Ioga de Cabral e Camões” e “Cabral Não Descobriu o Brasil”.
 
[2] Veja por exemplo “A Filosofia de Dom Pedro II”.
 
 
[4] “Cartas dos Mahatmas”, Ed. Teosófica, Brasília, 2001, edição em dois volumes. Ver volume I, Carta 67, pp. 288 e 289, até o final do item 1
 
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O artigo acima foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas em 27 de novembro de 2024.
 
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Leia também:
 
 
* O Mistério dos Templários (texto de Helena P. Blavatsky).
 
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E ainda:
 
 
 
 
 
 
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