Uma Forma de Desrespeito Para
Com os Verdadeiros Mestres de Sabedoria
 
 
John Garrigues
 
 
 
 
 
Depois da morte de H. P. Blavatsky, médiuns e pessoas sensitivas começaram a publicar mensagens, contatos e visões recebidos no plano astral da própria H.P.B., como privilégios especiais. Um escritor teosófico daquela época exclamou, com humor: “Há uma quantidade extraordinária de jogos de máscaras no mundo pós-morte de hoje em dia.”
 
Atualmente, um jogo de máscaras semelhante está ocorrendo, mas no qual Saint-Germain ganha roupas novas graças à imaginação dos sensitivos. De acordo com as “experiências” do momento em que vivemos, o “Mestre Ascensionado” Saint-Germain frequentemente vem para baixo, com o objetivo de “instruir” seus discípulos obedientes. Na verdade, o “Mestre” entrou no mundo do comércio em sociedade com esses sensitivos e a empresa está desenvolvendo atividades lucrativas. [1]
 
Não é difícil ver algumas razões pelas quais este cavalheiro das altas cortes europeias e elevado Adepto do século dezoito se tenha tornado objeto da exploração espiritualista e da publicidade comercial no século vinte. Por um lado, ele foi “o maior” (os norte-americanos sempre gostam de superlativos) Adepto Oriental “visto na Europa durante os últimos séculos”. Além disso, ele está suficientemente perto de nós no tempo para parecer humanamente próximo, mas distante o suficiente para ser transformado num mito. A história geral, que nada sabe sobre Adeptos, deixa o conhecimento dele convenientemente vago. As biografias dele estão cheias de histórias exageradas de aventura, bem calculadas para inspirar uma credulidade supersticiosa e até mesmo para dar talvez aos seus atuais associados de mentalidade comercial uma sugestão valiosa, por meio dos relatos, de que ele era um transmutador de metais e um fabricante de diamantes.
 
Portanto, uma pequena quantidade de conhecimento sobre o homem real, sobre a América do século dezoito e a antiga Atlântida, combinados com um alto grau de imaginação paranormal, estão produzindo para os seus sócios comerciais de hoje resultados bastante satisfatórios. Usar a palavra “Mestre” como um trunfo é um recurso inteligente, porque sem essa palavra o antigo espiritismo poderia ser facilmente identificado. A sugestão misteriosa transmitida pela palavra “Ascensionado” é um trunfo para atrair os curiosos e os crédulos.
 
Este espiritismo mais recente imita as características eficazes da atividade econômica mais exitosa de hoje – a publicidade. O Mestre “Descensionado” Conde de Saint-Germain não aparece “em pessoa”, mas os seus administradores contam histórias que podem manter os olhos fixos e as bocas abertas – histórias falando de ligações em vidas anteriores entre o “Mestre” e o administrador. Isso atrai não apenas os curiosos, mas algumas pessoas que buscam honestamente a verdade. Gente que ouviu falar, mas nunca investigou Teosofia autêntica, é dominada por supostos sinais divinos e maravilhas extraordinárias. Além disso, para o público em geral que se reúne gratuitamente, são oferecidas como atrativo extra as “instruções” – práticas que trazem resultados “ocultos”, comprovações pessoais e “experiências”, por meio de círculos avançados especiais, aos quais se consegue ingressar pagando uma taxa razoável. Nessas sessões, o próprio “Mestre” tem o “controle”, e ele fala por meio de seus “representantes escolhidos”. Pense na possibilidade de ouvir a Sua voz, e tudo isso por um preço que é quase barato.
 
Em seu “Glossário Teosófico”, H.P.B. tratou de resgatar e defender o caráter caluniado do verdadeiro Conde Saint-Germain. Aparentemente, ela não conseguiu este objetivo por completo, entre outros fatores porque ela própria foi obrigada a defender-se de calúnias fabricadas contra ela, e que exigiam a sua atenção. Mas H.P.B. mostrou claramente que o Conde Saint-Germain era um Adepto, e que ele trabalhou na Europa pela melhoria das pessoas, antes e durante a Revolução Francesa. Ele fez avisos e profecias para o Rei, para a Rainha e os seus conselheiros, com a esperança de que uma orientação saudável pudesse prevenir e impedir o pior. “Mas a Europa não o reconheceu”, diz H. P. B. – assim como não o reconhecem os atuais médiuns disfarçados que usam o Seu nome. “Talvez”, continua ela fazendo um comentário sugestivo, “talvez alguns possam reconhecê-lo no próximo ‘período de terror’, que quando surgir alcançará a Europa toda e não apenas um país”.
 
Seria muito melhor – ao invés de aderir à prática de iludir almas, promovida por uma forma mal-disfarçada de espiritismo – seria muito melhor se as pessoas trabalhassem para elevar o seu próprio nível ético e de seus amigos e companheiros, e assim evitar que surja um “Reinado de Terror” em seu próprio país! Nós, ocidentais, precisamos aprender que os verdadeiros Adeptos, quer trabalhem no Oriente ou no Ocidente, não seguem nem os objetivos nem os métodos indicados acima. Eles não têm o desejo de produzir fenômenos para deixar as pessoas assombradas ou boquiabertas. O propósito deles é despertar nos seres humanos o verdadeiro Altruísmo. Tudo o que a nossa parte do mundo sabe de fato sobre os Mestres autênticos veio primeiro através de H. P. Blavatsky. Os Mestres para os quais ela trabalhou, e sobre os quais escreveu e que representou fielmente, mostraram uma e outra vez que Seu desejo é “levar os seres humanos a buscar a verdade única que está na base de todas as religiões, a única verdade que pode guiar a ciência na direção do progresso ideal”. Qualquer grupo que trate de encontrar e ensinar esta Verdade precisa vencer, disseram Eles, por meio da “força moral, e não por fenômenos que com tanta frequência se tornam degradantes”.
 
NOTA:
 
[1] Este Saint-Germain imaginário foi fabricado inicialmente por falsos clarividentes da Sociedade de Adyar, e é usado ainda hoje nos rituais “maçônicos” adotados por Annie Besant, Charles Leadbeater e seus seguidores. (CCA)
 
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O artigo acima foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas dia 28 de fevereiro de 2025.
 
Ele apareceu pela primeira vez de modo anônimo na revista “Theosophy”, de Los Angeles, em fevereiro de 1936, páginas 155-156. A sua versão original em inglês está disponível nos ambientes de estudo da Loja: The Masquerade Around Saint-Germain. A tradução ao português é de CCA.
 
Sobre o critério para identificar J. Garrigues como autor deste artigo, vejaA Vida e os Escritos de John Garrigues”.
 
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
 
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