Sobre o Eterno e o Fugaz
Augusto de Lima
Cena de Ouro Preto, Minas Gerais
Monge sem fé, mártir do pensamento,
deixei o gabinete e os alfarrábios,
e, descrente dos mestres e dos sábios,
fui à montanha e interroguei o vento.
Nos desertos rolando o meu lamento,
beijei a rocha e ensanguentei os lábios.
Quanto aos mistérios revelados, sabe-os
só quem m’os revelou nesse momento.
De que me serves tu, verdade pura,
se a frase humana é tão mesquinha e obscura,
quando procura arrancar-te ao mundo interno?
Eis a forma banal deste segredo:
“hás de passar”, soprou-me o vento a medo,
e a rocha me bradou: “Serás eterno!”
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Reproduzido do volume “Poesias”, de Augusto de Lima, H. Garnier Livreiro-Editor, Rio de Janeiro e Paris, 1909, 300 pp., ver p. 264. A ortografia foi atualizada.
O poeta mineiro Augusto de Lima viveu de 1859 a 1934. Ele escreveu também “São Francisco de Assis – Poemas”, 2ª. edição, Belo Horizonte, 1961, 142 pp. Foi membro da Academia Brasileira de Letras.
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Para conhecer a teosofia original desde o ângulo da vivência direta, leia o livro “Três Caminhos Para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline.
Com 19 capítulos e 191 páginas, a obra foi publicada em 2002 pela Editora Teosófica de Brasília.
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