Meditação do Oriente Produz Identificação
Pessoal com a Luz Eterna e a Vida Infinita
Carlos Cardoso Aveline
O estudo teosófico é, de certo modo, teúrgico. Ele evoca, pelo critério da afinidade, níveis superiores de consciência. Ele produz gradualmente um contato não-verbal, mas consciente, do indivíduo com o mundo divino.
Para os estudantes de filosofia esotérica, investigar a relação entre o indivíduo e a consciência universal é uma atividade prioritária. O assunto é um tema central na obra “A Doutrina Secreta”, de Helena Blavatsky, e também está presente em diversas áreas da literatura científica, filosófica e religiosa de todos os tempos.
A Astrologia traz evidências detalhadas da ligação viva entre cada ser humano e o universo inteiro.
O hinduísmo e o taoísmo filosóficos oferecem pontes para a consciência individual do infinito. O budismo da Terra Pura, um dos mais populares no Japão, promove a recitação do mantra “Namu Amida Butsu”, uma de cujas traduções possíveis é “Eu me refugio na vida eterna e na luz infinita”, ou, alternativamente, “Eu me refugio na luz eterna e na vida infinita”.
Outras formas de budismo autêntico trilham o mesmo caminho. Diversas culturas asiáticas procuram expandir o contato consciente, impessoal, anônimo, de cada ser humano com o infinito.
Perceber a vida eterna e a luz sem limites é uma função do eu superior, e não por acaso o “Diagrama de Meditação” de H. P. Blavatsky recomenda:
“Primeiro, conceba a UNIDADE através da Expansão no Espaço, e da Infinitude no Tempo. (Seja com ou sem autoidentificação.)” [1]
No mantra budista da Terra Pura, isso é feito com autoidentificação: a pessoa busca um autorrefúgio na luz e na vida eternas, infinitas. Também é possível contemplar a mesma ideia sem autoidentificação, e neste caso não entra a noção de “eu”.
A simples ideia de refugiar-nos no Eterno e no Ilimitado purifica nossos horizontes, inclusive subconscientemente. As preocupações pequenas do eu inferior perdem sua aparente importância. O cosmo sem fronteiras tem relação com Atma, o eu superior. O verdadeiro eu é impessoal e universal.
Para a teosofia clássica, a contemplação autêntica deve ser feita ao longo das 24 horas do dia, sem prejuízo das atividades cotidianas. “Namu Amida Butsu” pode ser praticado a qualquer hora do dia. Estudantes de teosofia que praticam esse mantra dizem que vale a pena combinar o mantra em si com o seu significado em nosso idioma. Eles refletem lenta e meditativamente – uma e outra vez – sobre estas palavras:
“Namu Amida Butsu: eu me refugio na luz eterna e na vida infinita”.
O refúgio na vida e no espaço ilimitados constitui uma chave-mestra para a compreensão vivenciada da filosofia esotérica original. [2]
O mantra pode ser dito mentalmente, isto é, sem som físico, aceitando-se, além disso, o silêncio mental quando ele ocorrer.
Embora a velocidade varie conforme as circunstâncias, a lentidão é um fator positivo.
NOTAS:
[1] O texto “Diagrama de Meditação”, de Helena Blavatsky, pode ser encontrado em nossos websites associados.
[2] Para estudar mais a respeito da relação entre cada indivíduo e o universo, o leitor dispõe também, entre outros, dos textos “A Tábua de Esmeralda”, de Carlos Cardoso Aveline; e “A Contemplação”, de Damodar Mavalankar. Eles podem ser encontrados em nossos websites associados.
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Uma versão inicial do texto acima foi publicada, sem indicação de autor, na edição de junho de 2011 de “O Teosofista”.
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Sobre o crescimento interior e a transformação pessoal no século 21, leia a obra “O Poder da Sabedoria”, de Carlos Cardoso Aveline.
O livro foi publicado pela Editora Teosófica, de Brasília, tem 189 páginas divididas por 20 capítulos e inclui uma série de exercícios práticos. Está na terceira edição.
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