Um Poema Sobre o Poder da Simplicidade
Afonso Lopes Vieira
Humilde candeia acesa
em casa do cavador:
luz da pobreza, – bendita! –
luz infinita do Amor!
Vem pela noite negra adiante
um homem que se perdeu:
vê no escuro uma estrelinha,
lá tão distante…,
mas na terra, não no céu.
E diz-lhe a vaga luzinha:
– Olha para mim, e caminha,
vem onde a mim, que sou eu.
E ele chega àquela porta,
nela bateu…
Abre-se a porta, e ei-la acesa,
– parece o Sol!, –
em casa do cavador:
luz da pobreza – bendita!, –
luz infinita do Amor!
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Da obra “O Pão e as Rosas”, de Afonso Lopes Vieira, Livraria Ferreira – Editora, Lisboa, Portugal, 1908, 169 pp., pp. 81-82. O poeta viveu de 1878 a 1946 e esteve ligado ao movimento cultural Renascença Portuguesa, na cidade do Porto, no início do século 20.
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