O Que Buddha Ensinou a Um Discípulo
Carlos Cardoso Aveline
Afirma-se que em certa ocasião o discípulo Ananda pediu a Buddha que ensinasse a prática de três formas de estudo filosófico: samatha, samapatti e dhyana. [1]
Vejamos algo do ensinamento de Gautama Buddha sobre estes três fatores da caminhada.
1) Samatha consiste no estudo meditativo de tudo o que há e no reconhecimento de tudo o que existe como sendo vazio, ou imaterial.
O leigo pensa que as coisas e os seres têm substância própria durável. Não é verdade.
2) Samapatti consiste no estudo meditativo de tudo o que existe como sendo irreal, transitório ou temporário.
Não é difícil perceber que todos os seres e objetos perceptíveis são impermanentes: inclusive aquele que observa o fato da impermanência. No entanto, a essência do observador, a “testemunha interna”, permanece.
3) Dhyana consiste no estudo meditativo e contemplativo da unidade entre os dois pontos anteriores.
A palavra “dhyana” é normalmente traduzida como “meditação”.
Podemos definir meditação como a percepção do caráter vazio e transitório de tudo o que nos rodeia externamente, e de tudo o que experimentamos no mundo.
Só a Eterna Percepção, em si mesma, é real. E esta é uma função da consciência celeste do Eu Superior, que vive em unidade com a Lei da Justiça e da Renovação.
Nesse caso, não se trata da percepção disso ou daquilo especificamente. Trata-se da percepção em si, sem objeto. O que ocorre é uma união e uma identidade da própria alma do indivíduo com a Lei interior e universal que governa a vida. Deste modo o peregrino se liberta de assuntos mesquinhos, deixa de lado ilusões de curto prazo e ergue-se na direção do céu enquanto tem plena saúde física.
A prática correta leva à iluminação. A disciplina espiritual, como toda forma constante de ação meditativa, está ligada à renúncia. O desapego, ou vairagya, anda ao lado da comunhão, da noção interior de unidade no plano da essência.
NOTA:
[1] “The Surangama Sutra”, Charles Luk / Lu K’uan Yu, Rider & Co., London, 1966, 262 pp., ver pp. 3 e seguintes.
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Uma versão inicial do artigo acima foi publicada de modo anônimo em “O Teosofista”, edição de junho de 2010. O artigo foi revisto e atualizado pelo autor em dezembro de 2022.
Veja o texto clássico “Reflexões Sobre a Impermanência”, de Matias Aires.
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Pequenas Ações Concretas
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