Viagens Espaciais de um Sacerdote Desorientado
Carlos Cardoso Aveline
Uma imagem do planeta Marte
Não é difícil saber por que motivo a edição norte-americana de 1978 do livro “A Vida Interna”, de C.W. Leadbeater, excluiu a descrição clarividente que ele faz de uma civilização humana no plano físico do planeta Marte. A edição brasileira segue a mesma linha. A razão é que em 1978 o texto já era inegavelmente absurdo.
A descrição leadbeateriana de Marte ainda pode ser encontrada nas edições antigas de “A Vida Interna”, em inglês e espanhol, e também na obra “O Sistema Solar”, de Arthur Powell.
Helena P. Blavatsky, a fundadora do movimento teosófico moderno, conta em sua obra “A Doutrina Secreta” que pediu um esclarecimento por escrito de um Mestre sobre essa questão, e que ele escreveu:
“…É muito correto dizer que Marte está em um estado de obscurecimento atualmente…”. [1]
Mas o bispo Leadbeater tinha seu próprio ponto de vista e sua maneira de fazer viagens espaciais. O fundador da Igreja Católica Liberal se fazia passar por clarividente e produziu detalhadas descrições da vida política, social, cultural, e até das atividades agrícolas no “planeta vermelho”. Levado por uma imaginação febril, Leadbeater disse ter visitado Marte pessoalmente várias vezes, e escreveu:
“Na aparência física, os marcianos não são muito diferentes de nós”.
Demonstrando convicção, ele acrescentou:
“Os mais altos entre eles não têm mais que um metro e meio de altura”.
Para Leadbeater, os marcianos não só são mais baixos que nós. Os seus olhos são similares aos dos cidadãos da Noruega. Ele acrescenta que o povo de Marte é “notavelmente indolente”, mas as suas cidades têm muitas flores nas ruas.
Contrariando as informações dadas até o momento pela NASA e demais agências espaciais, Leadbeater esclarece que o clima é agradável nas partes habitadas do planeta vermelho: cerca de 21 graus centígrados em terras equatoriais, onde há grande quantidade de água de boa qualidade. Os marcianos em geral mantêm os pés desnudos; mas às vezes usam sandálias de metal.
A agricultura é uma atividade econômica de destaque em Marte, segundo o notável bispo. Em “O Sistema Solar” [2], obra baseada nos escritos de Leadbeater, se lê que os “canais aquáticos” de Marte, observados da Terra, estão cercados de “grandes canteiros de verdura” plantados às suas margens.
O bispo-fundador da Igreja Católica Liberal também visitou imaginariamente Mercúrio, planeta em que a sua percepção aguçada enxergou vida humana no plano físico, com casas e cidades.
Uma das afirmações mais fantásticas e imaginativas de Leadbeater, no entanto, consistiu em dizer que ele ainda era discípulo dos Mestres de Sabedoria, durante o século 20. Na verdade, ele havia perdido por completo o foco do discipulado durante os eventos de 1884-85, pouco depois de ser aceito como discípulo em provação. Por isso Leadbeater jamais foi admitido – enquanto H.P. Blavatsky viveu – na escola esotérica criada por ela em outubro de 1888.
NOTAS:
[1] “A Doutrina Secreta”, Helena Blavatsky, edição original, publicação passo a passo em nossos websites associados, ver pp. 191-192. A citação é parte do texto intitulado “Algumas Concepções Teosóficas Iniciais e Erradas Sobre os Planetas, as Rondas, e o Ser Humano”.
[2] “O Sistema Solar”, Arthur Powell, Ed. Pensamento, São Paulo, páginas 347-350.
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Uma versão anterior do texto acima foi publicada, sem indicação do nome do autor, na edição de junho de 2007 de “O Teosofista”. O tema foi abordado também nos capítulos 13 e 14 da obra “The Fire and Light of Theosophical Literature”, intitulados “Leadbeater and the Daily Life on Mars” e “Political Life on the Red Planet”. A obra “The Fire and Light of Theosophical Literature”, de Carlos Cardoso Aveline, foi publicada em 2013 por “The Aquarian Theosophist” e tem 255 páginas.
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
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