Na Civilização Ocidental, as Tempestades
de Sangue Trazem Lições Que se Deve Aprender
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
Talvez os seres humanos tenham alguma coisa a aprender dos macacos
 
 
 
A filosofia esotérica ensina que a história avança em espiral, e que existe um ciclo de cem anos, entre outros ciclos.
 
Neste processo, enquanto uma lição não é aprendida, é preciso enfrentá-la de novo, tantas vezes quantas necessárias.
 
Os conflitos armados são um exemplo disso.
 
Atrás de cada guerra provocada pelo mundo ocidental, atuam sempre as fábricas de armamento, estimulando o erro e a ignorância para aumentar seus lucros.
 
Referindo-se à primeira guerra mundial, o teosofista e oficial do exército brasileiro Raymundo Pinto Seidl escreveu, em agosto de 1918:
 
* “A grande tempestade de sangue, de ferro e de fogo continua a devastar terras europeias, repercutindo em todo o planeta, semeando a viuvez e a orfandade, destruindo velhos monumentos da civilização ocidental, talando os campos. E nos ares, sobre a terra e debaixo da terra, na superfície dos mares e debaixo das ondas, milhões de homens se digladiam, armas em punho, ferindo e matando com fúria infernal. A humanidade assiste à derrocada de uma civilização.”
 
* “… É indispensável que todas as nações, aproveitando a dolorosa lição atual, reconheçam que a Paz somente reinará no planeta quando o santo princípio da Fraternidade Universal constituir a nota fundamental das relações entre os povos, entre as classes sociais, entre os sexos. Enquanto houver na Terra povos explorados por outros (…); enquanto dentro das nações existirem classes sociais dominantes e classes sociais dominadas e exploradas; enquanto o homem não reconhecer que a mulher tem os mesmos direitos civis que ele; enquanto os animais continuarem a ser vítimas da gula e da ferocidade dos comedores de cadáveres – por certo, não reinará a Paz na Terra permanentemente.” 
 
* “Somente a difusão da Fraternidade entre todos os povos, e a extirpação da heresia da separatividade, levar-nos-ão ao reconhecimento da lei da Unidade, segundo a qual todos os seres constituem um Ser Único, manifestação de Deus no plano objetivo, e mudarão de fato e definitivamente o aspecto da vida humana sobre a Terra.”
 
* “É preciso que se cumpra, por toda parte e sempre, a lei da Fraternidade. Os sofrimentos de agora não são mais do que as reações cármicas dos maus atos, das más palavras e maus pensamentos de outrora. Todos nós, mais ou menos diretamente, concorremos, portanto, para a dolorosa tragédia de hoje.”
 
* “Cumpre que aproveitemos a dolorosa lição, fazendo transcender o amor da nossa família até a nossa pátria; o amor da pátria até a humanidade; da humanidade, a Deus.”
 
* “Depende da nossa compreensão das leis divinas que regem a vida, e da exata obediência a estas leis, firmar-se a paz.”
 
* “A felicidade na Terra não é uma dádiva dos céus. O homem deve conquistá-la pelo seu esforço perseverante e consciente. E é tempo de fazê-lo.” [1]
 
O programa de ação dos teosofistas e de outros cidadãos de boa vontade inclui um bom número de itens, em diversos níveis de consciência.
 
Entre eles estão:
 
1) Aprender com os fracassos humanos;
 
2) Deixar de insistir nos mesmos erros; e
 
3) Reconhecer a existência da lei do Carma.
 
Nada impede a chamada civilização ocidental de deixar de lado as formas mais grosseiras da sua própria falta de bom senso. Talvez a humanidade tenha algumas coisas a aprender dos macacos: entre elas, respeito pela vida.
 
Cabe a cada um de nós, ao redor do mundo, abster-se de ações egoístas, agir conforme uma ética elevada, e tomar providências práticas para reduzir o tamanho da sua ignorância. 
 
Om, shanti.
 
NOTA:
 
[1] Todas as citações foram transcritas do artigo “O Quarto Aniversário da Grande Tragédia”, de Raymundo Pinto Seidl, publicado na revista “O Theosophista”, Rio de Janeiro, agosto de 1918, pp. 69-70. A ortografia foi atualizada. O texto está publicado na íntegra nos websites associados: “Quarto Ano da Guerra Mundial – 1918”. Raymundo Pinto Seidl pode ser considerado o principal pioneiro do movimento teosófico no Brasil. Veja “General Raymundo Pinto Seidl”.
 
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O texto “As Guerras Como Colheita do Carma” foi publicado como item independente pelos websites associados no dia 29 de maio de 2022. 
 
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Leia mais:
 
 
 
* “O Duque de Caxias” (O livro clássico de Raymundo Pinto Seidl).
 
* “Carta de Seidl Para Gervásio, Sem Data” (Um Exemplo da Postura Teosófica Diante da Morte).
 
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