A Arte de Fazer Com
Que Aconteça o Mais Correto
 
 
Helena P. Blavatsky
 
 
 
 
 
1. O Primeiro Poder é a Vontade Espiritual
 
A vontade”, diz Van Helmont, “é o primeiro de todos os poderes. Pois, através da vontade do Criador, todas as coisas foram feitas e postas em movimento (…). A vontade é propriedade de todos os seres espirituais, e revela-se neles tanto mais ativamente quanto mais eles se libertam da matéria”.
 
E Paracelso, “o divino”, como era chamado, acrescenta no mesmo tom: “A deve confirmar a imaginação, pois pela fé estabelece-se a vontade. (…) Uma vontade determinada é o começo de todas as operações mágicas (…). É pelo fato de que os homens não imaginam corretamente, e não acreditam nos resultados da sua imaginação, que as artes [místicas] são inseguras, quando na verdade elas poderiam ser perfeitamente exatas.”
 
2. O Poder de Fazer Com Que Algo Bom Aconteça
 
O que é a VONTADE? A “ciência exata” pode dizê-lo? Qual é a natureza desse algo inteligente, intangível e poderoso que reina soberanamente sobre toda matéria inerte?
 
A grande Ideia Universal desejou, e o Cosmos veio à existência. Eu quero, e os meus membros obedecem. Eu quero, e meu pensamento, ao atravessar o espaço, que para ele não existe, abarca o corpo de um outro indivíduo que não é uma parte de mim, penetra por seus poros, e substituindo suas próprias faculdades, se são mais fracas, força-o a uma ação determinada. (…)  Os misteriosos efeitos de atração e repulsão são os agentes inconscientes dessa vontade; a fascinação, tal como a que vemos exercida por alguns animais, tal qual as serpentes sobre pássaros, é uma ação consciente dela, e o resultado do pensamento. Cera, vidro, âmbar, quando esfregados, isto é, quando o calor latente que existe em toda substância é despertado, atraem corpos luminosos; eles exercem inconscientemente a vontade, pois a matéria inorgânica, assim como a orgânica, possui uma partícula da essência divina em si, por mais infinitesimalmente pequena que seja. E como poderia ser de outro modo? Ainda que no curso de sua evolução tenha passado do princípio ao fim por milhões de formas diversas, ela deve sempre reter o germe inicial da matéria preexistente, que é a primeira manifestação e emanação da própria Divindade.
 
O que é então esse poder inexplicável da atração, a não ser uma porção atômica daquela essência que os cientistas e os cabalistas reconhecem igualmente como o “princípio da vida” – o akasha? Admite-se que a atração exercida por tais corpos seja cega; mas, se subimos mais e mais na escala dos seres orgânicos da Natureza, encontramos esse princípio de vida desenvolvendo atributos e faculdades que se tornam mais determinados e mais característicos a cada degrau dessa escala sem fim.
 
O homem, o mais perfeito dos seres orgânicos sobre a Terra, em quem a matéria e o espírito – isto é, a vontade – são mais desenvolvidos e poderosos, é o único ao qual se concedeu um impulso consciente para aquele princípio que emana dele. Apenas ele pode comunicar ao fluido magnético impulsos opostos e diversos em limites quanto à direção. “Ele quer”, diz Du Potet, “e a matéria organizada obedece.”
 
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O artigo acima foi publicado como item independente dia 4 de julho de 2024, sendo reproduzido da edição de junho de 2024 de de “O Teosofista”, pp. 15-16. O primeiro dos dois trechos foi traduzido por CCA diretamente da edição original de “Isis Unveiled, Volume I”, p. 57. Há outra tradução deste trecho na edição brasileira de “Ísis Sem Véu”, H.P. Blavatsky, volume I, p. 146. O segundo fragmento é reproduzido de “Ísis Sem Véu”, H.P. Blavatsky, Ed. Pensamento, SP, volume I, p. 215. Veja a p. 144 na edição original em inglês, vol. I. O trecho foi revisado por CCA comparando com o original.  
 
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Leia mais:
 
 
 
* Começando Pelo Mais Difícil , de O.S. Marden.
 
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 
 
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