Fragmento de Uma Carta
Pessoal Sobre o Crescimento da Alma
 
 
P. G. N.
 
 
 
A evolução da planta amarílis, vista aqui em
quatro etapas, ilustra o processo de ajuda espiritual
 
 
 
Uma regra é válida para todos os seres humanos: tenha a vida mais pura e altruísta possível, cultive de igual modo sua mente e seu coração, afaste sua mente – tanto quanto possível – dos prazeres mundanos, dos desejos mundanos, dos objetos mundanos, e coloque seu coração a serviço do bem de todos os seres, de modo tão completo quanto suas forças permitem.
 
Se você atingir devido a este tipo de esforço um certo estágio de despertar espiritual, ou se o tiver alcançado em vidas passadas, encontrará outros seres mais avançados de quem receberá encorajamento e alguma pequena ajuda (embora no essencial cada alma tenha que realizar seu próprio caminho). Se você não encontra esse encorajamento, é porque não alcançou o estágio em que o encorajamento é desejável. Neste caso basta perseverar no caminho correto para que, na inexorável sequência de causas e efeitos que domina o universo, você, se não nesta vida atual, pelo menos na próxima alcance o portal que leva à vida superior.
 
O caminho pode parecer longo e cansativo, mas não se desespere; ele conduz à condição eterna, e, cedo ou tarde, de acordo com seus próprios esforços e renúncias, você vencerá, como vencerão todos os que não forem totalmente destruídos ao longo do caminho, e eles são poucos. O julgamento virá depois.
 
Vou tentar dar um exemplo do que disse acima. Gosto profundamente de flores. Para aqueles que trabalharam em determinadas linhas, a beleza e a fragância delas têm significados superiores. Obtenho uma certa quantidade de bulbos da planta amarílis, destinados mais tarde a produzir algumas das mais belas e deslumbrantes flores que existem, mas quando os recebo, os bulbos parecem um conjunto de cebolas grossas, secas, marrons e escamadas, pouco merecedoras de um segundo olhar. Conhecendo, no entanto, suas capacidades intrínsecas, coloco os bulbos cuidadosamente em vasos com terra seca e deixo-os entregues à sua sorte.
 
Não os rego, pois o princípio vital deles ainda está adormecido. Se tentasse regá-los fora da época, com a intenção de estimulá-los a um crescimento prematuro, eles apodreceriam. Assim, eu os deixo entregues à sua sorte. Passam semanas e semanas e às vezes meses e meses e nenhuma mudança, nenhum progresso é visível, embora durante todo o tempo em seus tecidos internos, ação e reação estejam preparando o caminho para o desenvolvimento superior.
 
Um dia, em um deles, vislumbro um minúsculo ponto verde, abrindo caminho entre as peles marrons escamosas que cobrem os lados do bulbo, e então sei que o período de descanso terminou e o de atividade está começando. Agora posso regar sem perigo, com muita moderação a princípio, mas, à medida que a haste da flor se ergue e os grandes botões começam a aparecer, posso regar generosamente.
 
Assim é com a alma. Suas ações e reações internas devem ter triunfado sobre a dormência, e suas aspirações espirituais devem ter aberto caminho desde a terra seca das associações materiais até o ar puro da espiritualidade, antes que aqueles que observam o progresso de seus irmãos menos avançados possam regar a alma – moderadamente – com a água da vida.
 
P.G.N.
 
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O texto acima foi publicado em nossos websites associados dia 29 de agosto de 2018. Trata-se de uma tradução, feita por Joana Maria Pinho, do artigo “When to Expect Spiritual Help”. O texto foi publicado originalmente em “The Theosophist”, Índia, na edição de setembro de 1884, páginas 299-300. Na época, o “Theosophist” era editado por Helena P. Blavatsky.
 
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