Como a Força Criadora da
Mente Constrói a Civilização do Futuro
Carlos Cardoso Aveline
“Tudo o que somos é resultado do que pensamos no
passado. Tudo o que somos se baseia em nossos pensamentos
e é formado por nossos pensamentos. Se alguém fala ou age com
pensamento puro, a felicidade o acompanha assim como sua
própria sombra, que nunca se afasta dele.”
(“O Dhammapada” budista, Capítulo 1, Versículo 2)
“Pede, e te será dado; busca, e acharás; bate à porta – e a porta se abrirá.”
(Novo Testamento cristão, Mateus, 7:7)
“Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa,
que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união.”
(Oração de São Francisco de Assis)
A meditação a seguir desenvolve a potencialidade superior do ser humano. Ela destrói circuitos fechados de emoções negativas e abre espaço para uma regeneração cultural. Como ação criadora, esta prática devolve ao cidadão a consciência de que os seus pensamentos criam o futuro, individual e coletivo.
A respeito da lei natural em que as boas orações se baseiam, Helena Blavatsky afirmou:
“Havendo uma certa intensidade da vontade, as formas criadas pela mente se tornam subjetivas. E são chamadas de alucinações, embora para o seu criador elas sejam tão reais quanto qualquer objeto visível o é para qualquer outro. Existindo uma concentração mais intensa e mais inteligente desta vontade, a forma se tornará concreta, visível, objetiva; o homem terá então aprendido o segredo dos segredos; ele se tornou um MÁGICO.” [1]
O presente exercício de visualização pode ser praticado individual ou coletivamente. É boa ideia fazer com que ele aconteça em uma associação ou movimento comunitário. De preferência, deve ser escolhido um local em que haja silêncio e ar puro.[2]
A sua prática regular tem um efeito mais forte do que uma ação apenas eventual. Porém, ele será benéfico até mesmo como um gesto isolado.
Os Três Objetivos para a Construção do Futuro
O desenvolvimento das potencialidades sagradas do ser humano faz parte do programa de ação do movimento esotérico moderno.
O primeiro objetivo do esforço teosófico inaugurado em 1875 é o estímulo à prática da fraternidade universal, o que deve ser feito inclusive pelo exemplo. A segunda meta é a busca da sabedoria ensinada pela literatura filosófica de todos os tempos e de todos os povos, com prioridade para a sabedoria oriental, mais antiga. O terceiro objetivo é a investigação dos poderes latentes na consciência de cada ser humano.
As três metas são inseparáveis. O terceiro objetivo deve ser buscado, naturalmente, como um instrumento para alcançar o primeiro.
O egoísmo, que brota da ignorância, é um beco sem saída e provoca um circuito fechado de infelicidade. A oração a seguir constitui uma prática altruísta. Ela coloca os poderes latentes da consciência expressamente a serviço da Fraternidade Universal. Esta é a maneira correta de desenvolver as potencialidades transcendentes da mente humana. É também um modo eficaz de alcançar a felicidade.
Oração pelo Despertar do Brasil
1) Coloco a coluna ereta.
2) Respiro fundo. Abandono toda preocupação pessoal.
3) Relaxo os pés, as pernas, as mãos, os braços. Relaxo os músculos do rosto. Sinto o contraste entre a musculatura relaxada e a coluna vertebral firme. Assim devemos ser diante da vida: firmes no essencial e flexíveis no que é secundário.
4) Penso na dor centenária do povo brasileiro. Calculo o sofrimento coletivo no dia de hoje. Sei que sou parte deste processo e, portanto, posso mudar o carma que depende de mim. Reflito sobre o dever de transmutar o sofrimento em sabedoria. Reconheço que o apego à dor não é necessário. Admito que todo obstáculo é uma fonte de lições. Percebo, com calma, que a tarefa do ser humano é crescer interiormente. Que a bênção está em fortalecer a vontade de viver cada vez melhor.
5) Visualizo a população brasileira tirando lições de cada desafio que enfrenta. Vejo a sabedoria e a solidariedade permeando as relações entre todos. Observo a derrota do crime, do desrespeito e da imoralidade. Imagino a população a despertar para a força ilimitada da ajuda mútua. Mantenho diante de mim, neste momento, a imagem de cada cidade acordando para a solução fraterna dos seus problemas. Enxergo o Brasil e todas as comunidades de língua portuguesa no mundo inteiro como partes ativas de uma civilização planetária fraterna, que respeite a diversidade dos povos.
6) Vejo os meios de comunicação social atuando a serviço da vida. Enxergo-os como profundamente leais ao seu país. Imagino-os atuando com uma atitude construtiva. Vejo-os buscando e transmitindo justiça e sabedoria, aumentando a força moral da nação, e trabalhando para que só gente honesta possa ter espaço em todos os âmbitos coletivos.
Visualizo uma espécie de assembleia geral permanente do povo brasileiro, cujo grande tema seja como atuar a cada momento de modo correto. Enxergo o rádio, a televisão e os jornais brasileiros defendendo os interesses da população. Observo como a mídia dá destaque a ações éticas e apoia o cumprimento das boas leis. Vejo os meios de comunicação social construindo mecanismos de ajuda mútua e expandindo a defesa do ambiente natural. Fortaleço o meu compromisso pessoal com esta visão de país.
7) Enxergo por alguns instantes dirigentes políticos sinceros sendo leais ao povo brasileiro, em nível municipal, estadual e federal. Sei que aquilo que é difícil tem mais mérito. Basta que a meta seja digna. Imagino o Brasil, a minha cidade e o meu estado como territórios em que reina a ética e predomina a sinceridade. Vejo-os livres de tráfico de drogas, de crime organizado e de políticos falsos.
Imagino as comunidades brasileiras sendo capazes de discernir entre o que é moralmente certo e o que é moralmente errado. Enxergo-as prontas para uma nova era de respeito entre todos os seres. Guardo comigo esta imagem inovadora. Mantenho-a nítida em minha mente e meu coração. Vejo a mim mesmo como corresponsável pelo despertar coletivo. Peço ajuda à minha alma imortal.
Faço com que esta visão elevada permaneça mais forte que os sentimentos antigos e rotineiros. Assim eu desenvolvo de modo correto o poder da minha vontade, enquanto acelero o surgimento da civilização do futuro.
Om, shanti. Paz.
NOTAS:
[1] Helena P. Blavatsky, em “Isis Unveiled”, Theosophy Co., Los Angeles, Vol. I, p. 62. Veja também a edição brasileira, “Ísis Sem Véu”, Ed. Pensamento, volume I, capítulo II.
[2] O momento da lua nova e o momento da lua cheia parecem ser especialmente adequados para esta atividade.
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Uma versão inicial da oração acima está publicada no livro “A Informação Solidária”, de Carlos Cardoso Aveline, Edifurb, Blumenau, SC, 86 pp., 2001, pp. 72-74. Ao longo dos anos, o texto passou por diversas alterações, tendo sido adaptado a vários contextos. Foi atualizado pelo autor em 28 de julho de 2022.
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Leia mais:
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Para conhecer um diálogo documentado com a sabedoria de grandes pensadores dos últimos 2500 anos, leia o livro “Conversas na Biblioteca”, de Carlos Cardoso Aveline.
Com 28 capítulos e 170 páginas, a obra foi publicada em 2007 pela editora da Universidade de Blumenau, Edifurb.
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