O Abandono do Supérfluo
Fortalece a Vontade Interna
Carlos Cardoso Aveline
O autodisciplinado se contenta com
pouco, mas o preguiçoso é insaciável.
O estudante de filosofia esotérica deve agradecer todos os dias à vida, se enfrenta dificuldades e obstáculos, porque estes são sinais seguros de que ele está sendo capaz de deixar de lado o caminho da falsidade. Em compensação, quando sua vida estiver demasiado cômoda, ele deve lamentar o fato.
Nenhum praticante da filosofia teosófica pode saber de que substância é feito se não enfrentar momentos que considera “difíceis”.
A preguiça, a indulgência e o despreparo surgem como problemas que podem e devem ser corrigidos quando a rotina cômoda é rompida e surge um teste desafiador.
A autodisciplina é o abandono voluntário do que é supérfluo, e produz o fortalecimento da vontade própria. Ela antecipa e suaviza as dificuldades externas. Acostumado com uma vida menos cômoda, o estudante passa a ver como algo fácil de superar aquilo que, para outros, pode ser uma grande dificuldade.
O autodisciplinado se contenta com pouco, mas o preguiçoso é insaciável. Quando alguém não limita a si mesmo, será limitado pela vida. Se as dificuldades da vida nos parecem demasiado duras, talvez estejamos sendo demasiado moles com nós mesmos. A autodisciplina é fonte de humildade e paz. Graças a ela, o ser humano sensato pode abraçar a simplicidade voluntária.
Naturalmente, a autorrestrição da vida simples só faz sentido se formos capazes de escutar a voz da nossa própria consciência. Para isto, é necessário obter níveis crescentes de autoconhecimento, isto é, de conhecimento do nosso Verdadeiro Eu. Dele resultam a ação correta e a harmonia.
Estes dois processos produzem uma mente aberta e um coração honesto, que fazem nascer a autolibertação interior. Em última análise, portanto, a autodisciplina leva à liberdade, mas a não-disciplina leva à prisão.
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Uma versão inicial do texto acima foi publicada em “O Teosofista” edição de agosto de 2008.
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