Pomba Mundo
 
À Maneira dos “Versos
Gêmeos” do Dhammapada Budista
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
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O Vazio possui um nome secreto, e é um alicerce confiável
 
 
 
Para um indivíduo fraco
os fatos externos são fortes.
Para um homem forte,
os acontecimentos são  suaves.
 
Para o homem duro,
as situações são flexíveis.
Para alguém que é leve,
toda circunstância é dura.
 
Só um homem profundo
encara os desafios com leveza.
Um cidadão superficial
enxerga as coisas externas
como se fossem profundas.
 
Um cidadão sábio vê
o superficial como superficial
e o profundo como profundo.
 
O cidadão firme é
conduzido por sua consciência interior.
Uma natureza frágil é controlada pelos
ventos inconstantes do mundo externo.
 
Um caráter estável
leva a uma vida longa;
e possuir uma vontade forte
desenvolve um caráter estável.
 
Basta uma dose de covardia
para preocupar-se com coisas de curto prazo,
e ser perturbado por sentimentos de raiva.
 
Se um cidadão que pretende ser forte
enfrenta despreparado desafios
que supõe ser suaves, basta que os
obstáculos cresçam para a fraqueza ressurgir
sem aviso em sua alma, mostrando
que ainda não resiste aos ventos do carma. 
 
E mesmo um homem profundo,
se enfrentar os fatos sem preparo e atenção,
poderá ver os obstáculos tornarem-se firmes
e será levado por eles como uma folha
de outono é arrastada por uma brisa qualquer.
 
A vitória humana
resulta da experiência repetida
da tentativa e do erro.
A vitória da sabedoria é gradual.
Ela só acontece aos que sabem esperar.
 
Um dia, finalmente, o cidadão  
vê o que é sério como sério,
e reconhece o que é leve como leve.
 
Ele aprende a existir em
profundidade para coisas duráveis,    
e a ser como fino ar para coisas leves.
 
O cidadão equilibrado passa a ter
em si mesmo a substância do mistério.
É assim que alcança a sabedoria de não
agarrar-se a coisa alguma – por livre opção. 
 
Ele percebe então um fato oculto
que só a experiência pode revelar:    
 
Aquele que é sábio adota como
alicerce da sua vida o pleno e total
Vazio, o Espaço puro, a Lei impessoal.
 
O cidadão bem informado sabe que levita  
Enquanto mantém os pés colocados com força no chão.
 
Ele flutua no Espaço
Como parte do seu planeta e sistema solar.
Ele avança noite e dia com sua aldeia cósmica
pelo espaço insondável da pequena Via Láctea,
no reduzido Grupo Local de galáxias.
 
Consciente ou inconscientemente [1],
o eu superior de cada ser humano está unido ao Cosmo.
A renúncia – a aceitação do Vazio universal – traz felicidade.
O nome secreto do Vazio é Plenitude.
 
 
NOTA:
 
[1] Na etapa evolutiva atual da humanidade, a alma imortal ou eu superior de cada ser humano está situada bem acima da sua consciência média, e é, portanto, “inconsciente”; ou mais precisamente “supraconsciente”. A consciência do eu superior não é cerebral. Ela flutua sobre a consciência voluntária e a inspira quando sua luz chega até o reino do eu inferior. O foco médio de consciência do indivíduo fica abaixo do nível do eu superior. Isso ocorre porque Antahkarana, a ponte entre eu superior e eu inferior, ainda é frágil e está “em construção” em nossa humanidade. Uma das metas do processo iniciático e da caminhada teosófica é tornar o eu superior cada vez mais presente e consciente na vida diária – através do despertar da inteligência espiritual ou Buddhi-Manas. O processo requer diversas encarnações. Ao longo dele, as águas do eu inferior, inicialmente turbulentas, se purificam e passam a refletir a luz que vem do alto.
 
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O poema acima foi publicado em março de 2013.
 
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
 
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