Como Estimular o Melhor em Nossos Semelhantes
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
A lembrança do cosmos eterno nos protege da ilusão egocêntrica
 
 
 
Nas diferentes esferas da vida, nem sempre é fácil pensar o melhor daqueles com quem convivemos.
 
As pressões da rotina material com frequência corroem as relações humanas tanto na família como no trabalho e na associação espiritualista.
 
A interação constante com as pessoas próximas pode fabricar defeitos imaginários e ocultar talentos reais. “Santo de casa não faz milagre”, diz o ditado popular. De fato, o orgulho pode tornar cegas as pessoas ingênuas. Voltaire escreveu:
 
“O amor-próprio é um balão inflado de vento, de onde saem tempestades quando recebe uma alfinetada.” [1]
 
A inveja e a competição constituem venenos ameaçadores. Cabe identificá-los e transmutá-los, de forma que se transformem em paz, compreensão e sabedoria. A  verdadeira autoestima nada tem a ver com rancor.
 
O estudante atento de filosofia aprende a usar a força de vontade, e assim evita a armadilha do descaso diante dos que lhe são próximos.
 
A cada dia pela manhã, ou sempre que achar necessário, o peregrino pode fazer uma meditação e adotar uma atitude impessoalmente correta em relação aos outros. É possível dizer a si mesmo, usando o poder do pensamento construtivo:
 
A Luz Branca do Altruísmo Impessoal
 
* Quero pensar agora nas qualidades positivas dos meus colegas de caminho.
 
* Visualizo o lado luminoso dos companheiros de trabalho espiritual, dos familiares, amigos e outras pessoas com quem interajo.
 
* Enxergo-os um por um. Evoco as suas potencialidades sagradas. Não tenho pressa de mudar de assunto.
 
* Sei que o sentimento de má vontade para com outra pessoa resulta da falta de autoconfiança. Identifico humildemente o que eu tenho a aprender com meus colegas nas diferentes áreas da vida.
 
* Sinto respeito por aqueles com quem a harmonia é difícil. Ser impessoalmente severo é bom: ser rancoroso é um desperdício de energia.
 
* Lanço sobre todos os seres a luz branca da justiça imparcial.
 
* A vida é simétrica e requer equilíbrio. Sou guiado por um sentido de paz interna que vem do eu superior.
 
* Para cada relacionamento há uma distância adequada entre as pessoas, a qual favorece o respeito ao espaço de cada um enquanto fortalece o ponto ótimo da cooperação.
 
* Estão ao meu redor o tempo eterno e o espaço infinito.
 
* A simplicidade voluntária permite ter uma atitude prática baseada no conhecimento sagrado. A constante lembrança do cosmos nos protege da ilusão da autoimportância e de outras formas de ingenuidade infantil. A força do exemplo permite ensinar e aprender. Em tudo, a moderação protege o peregrino. O sentido de bom senso guia o aprendiz pelo caminho da sabedoria.
 
Om, Shanti.
 
NOTA:
 
[1] “Contos”, Voltaire, Nova Cultural, Patrocínio Cultural Suzano, São Paulo, Brasil, 2003, 398 pp., ver p. 09.
 
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Uma versão inicial do texto acima, sem indicação do nome do autor,  faz parte da edição de janeiro de 2021 de “O Teosofista”, pp. 1-2.  A sua publicação na forma atual e como artigo independente ocorreu em 22 de junho de 2024.
 
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Veja também “Um Por Todos e Todos Por Um”.  
 
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Para um exercício semelhante, mas aplicado à vida familiar, veja a prática intitulada “Lançando Luz Branca Sobre o Casal”, na página 143 do livro “O Poder da Sabedoria”, Carlos Cardoso Aveline, Ed. Teosófica, Brasília, 191 pp., 1998. Examine nos websites associados o artigo “Transformar Uma Casa Num Templo”.
 
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Leia mais:
 
 
 
 
 
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 
 
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