A Existência Repartida Por Duas Almas
José Júlio da Silva Ramos
00000000000000000000000000000000000000000000
Nota Editorial de 2017:
José Júlio da Silva Ramos foi bacharel em
direito pela Universidade de Coimbra. Nascido
a 6 de março de 1853 em Recife, foi professor de
humanidades, morando na cidade do Rio de Janeiro.
O poema a seguir é reproduzido da obra
“Sonetos Brasileiros”, coletânea organizada por
Laudelino Freire, Officina Polytechnegraphica
de M. Orosco & C., Rio de Janeiro, 1904, 328
páginas, ver p. 101. A ortografia foi atualizada.
(Carlos Cardoso Aveline)
000000000000000000000000000000000000000000000000000
Nós
Eu e tu: a existência repartida
Por duas almas; duas almas numa
Só existência. Tu e eu: a vida
De duas vidas que uma só resuma.
Vida de dois em cada um vivida,
Vida de um só vivida em dois; em suma,
A essência unida à essência, sem que alguma
Perca o ser una, sendo à outra unida.
Duplo egoísmo altruísta, a cujo enleio
No próprio coração cada qual sente
A chama que em si nutre o incêndio alheio.
Ó mistério do amor omnipotente…
Que eternamente eu viva no teu seio
E vivas no meu seio eternamente.
000
Leia também “Poema: A Lágrima”, de Carmen Freire, publicado em nossos websites associados. José Júlio da Silva Ramos e Carmen Freire nasceram sob o signo de Peixes. Estes dois poemas expressam aspectos do amor místico associado a Netuno, o planeta regente dos piscianos, que inspira junto à humanidade o amor universal e a renúncia a vitórias mundanas.
000