Para Seres Sábio, Coloca, Durante o
Curso da Tua Vida, Cada Coisa em Seu Lugar
 
 
Paul Carton
 
 
 
Pitágoras (século 6 AEC) fala para as mulheres: uma pintura de 1913. Ele afirmava que
as mulheres eram iguais aos homens em inteligência e tinham o direito de estudar filosofia.
 
 
 
* Não ergas o machado contra a árvore plantada pelo teu pai.
 
* Quando estiver velha a árvore que te alimentou em tua juventude, cuida bem dela.
 
* Faz uma pequena festa de família ao pé da árvore que florescer primeiro em teu jardim.
 
* Viajante! Não sujes com teus dejetos ou lixo o leito de um riacho, nem o pé de uma árvore, nem as flores que desabrocham no caminho.
 
* Não plantes junto a uma grande estrada a árvore que queres deixar como herança para os teus filhos.
 
* Pai de família! Colhe com as mãos os frutos das tuas oliveiras; evita os golpes com vara!
 
* Desvia o arado, para não causar dano à árvore que está no trajeto do teu trabalho; é melhor fazer um sulco mal nivelado, que abrir uma ferida numa árvore.
 
* Quando fores às cortes dos reis ou às assembleias do povo, não fiques mais tempo do que o necessário para cozinhar um aspargo.
 
* Dá leis ao povo, antes de dar-lhe a liberdade.  
 
* Homem de gênio, perseguido! Rejeita o tribunal do povo. Cabe ao rebanho transformar-se em corte para julgar o cão pastor.  
 
* Povo de Crotona! Não pretendas submeter o sábio ao teu regime social. O médico e o doente não devem ter demasiada intimidade. 
 
* Magistrado! Aos primeiros sintomas de um motim popular, interdita a praça pública às mulheres, assim como às [possíveis] vítimas e aos sanguinários.
 
* Não sejas nem a bota do príncipe nem o coturno do povo.
 
* Acostuma o povo a falar com uma linguagem decente.
 
* Homem de gênio! Esclarece o povo de longe, e esconde a mão que ergue a tocha da luz. O povo só reconhece os instrutores que estão ausentes, ou que estão mortos.
 
* Alimenta-te de grãos silvestres, antes que de uma carne assada em um forno banal. Melhor que tornar-se parte do povo cego é permanecer selvagem.
 
* Não subas à tribuna por três dias consecutivos nos comícios populares: aplaudido pelo povo no primeiro dia, serás vaiado no terceiro dia, talvez merecidamente.
 
* Não escrevas as tuas leis; pinta-as: o povo gosta de imagens.
 
* Que sejas sábio, sem dizê-lo ao povo imitador: simplesmente, que ele te veja passar!
 
* Não semeies coisa alguma na praça pública, porque é um terreno ingrato.
 
* Mantém o povo entre a riqueza e a indigência: quando na miséria, ele é vil; quando rico, é insolente.
 
* Caluniado pelo povo, não desças até ele para provar que está errado. Não se prova coisa alguma para uma multidão. Ela só tem instinto.
 
* Brinca com todas as crianças, mas evita a multidão.
 
* Ao avançar, o povo deixa atrás de si marcas e sulcos pesados na estrada de barro. Caminha sempre alguns passos à frente da multidão.
 
* Não subas à tribuna pública para pregar contra os vícios do povo e os crimes dos governantes. Fica contente com ser o “gnomo” silencioso que indica a hora de cumprir os deveres.
 
* Não penses que há uma grande diferença entre a urna dos sufrágios e a urna dos sorteios: nada é mais parecido com as possibilidades da loteria do que as decisões da multidão.
 
* Não busques o sábio na corte dos reis, nem nas assembleias populares: o sábio está na casa dele.
 
* Entra na casa do sábio: quer ele esteja lá ou não, tu sairás melhor do que estavas quando entraste. 
 
* Define a sabedoria como a ciência da ordem. Para seres sábio, coloca, durante o curso da tua vida, cada coisa em seu lugar. O heroísmo de um momento não vale tanto quanto a ordem imperturbável que há nas ações cotidianas do sábio.
 
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Traduzido do livro “Enseignements Naturistes”, de Paul Carton, Première Série; Norbert Maloine Éditeur, Paris, 1925, 384 páginas, ver páginas 316-318. Tradução: CCA. Título original do artigo: “Préceptes Antiques de L’École Pythagoricienne”. 
 
O texto “Preceitos Antigos da Escola Pitagórica” foi publicado nos websites associados no dia 03 de outubro de 2020.
 
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