Pomba Mundo
 
Aprendizagem do Plantador
Ocorre Enquanto Ele Semeia
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
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A imagem simbólica do plantio da sabedoria, que faz parte do Novo Testamento, merece ser examinada desde a perspectiva da filosofia esotérica oriental. 
 
A parábola do semeador afirma, segundo lemos na narrativa de Mateus, 13:
 
“…Jesus saiu de casa e assentou-se à beira-mar. Reuniu-se ao seu redor uma multidão tão grande que ele teve que entrar num barco e assentar-se nele, enquanto todo o povo ficou na praia. Então lhes falou muitas coisas por parábolas, dizendo:
 
‘O semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e as aves vieram e a comeram. Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, porque a terra não era profunda. Mas quando saiu o sol, as plantas se queimaram e secaram, porque não tinham raiz. Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas. Outra ainda caiu em boa terra, deu boa colheita, a cem, sessenta e trinta por um. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!’ ”
 
Vejamos então como interpretar a parábola.
 
O teosofista não tem razões para pensar que ele próprio é o solo, nesta narrativa. Ao invés disso, ele se coloca fundamentalmente no lugar do semeador. Ele sabe que deve agir com altruísmo para aprender a sabedoria do coração. Está consciente de que só partilhando o conhecimento já alcançado ele terá direito a obter mais sabedoria, e de modo mais profundo.
 
Os vários lugares em que caem as sementes espalhadas pelo teosofista correspondem aos diferentes níveis de consciência em que elas podem ser recebidas por quem interage com o semeador. A “boa terra” é aquela parte do eu inferior que está em um contato mais intenso com o eu superior. Para que o aprendizado seja durável, as raízes do conhecimento que germina devem estar situadas no solo espiritual.
 
Examinemos então a parábola desde o ponto de vista do semeador.
 
Quando um buscador da verdade tenta partilhar suas experiências com outras pessoas e suas ideias e seus ideais parecem “cair em boa terra”, ele deve ser humilde. O desapego é essencial. Nem tudo que reluz é ouro. Não devemos exagerar nossos méritos. Na melhor das hipóteses, somos estudantes tratando de aprender e compartilhar com simplicidade os resultados alcançados.
 
A situação é diferente quando o solo é árido.
 
A experiência acumulada de partilha e divulgação dos ensinamentos teosóficos confirma o princípio claramente estabelecido nos escritos originais [1] da filosofia esotérica: nenhum esforço é perdido. Nenhum solo é totalmente árido. Nenhuma semente fracassa por completo. A maior parte dos resultados é invisível. Muitas sementes irão brotar na próxima encarnação das pessoas envolvidas, ou dentro de dez ou vinte anos, em situações que o semeador não pode nem precisa prever.
 
Cabe fazer um alerta a aquele que espalha sementes:
 
* “As suas palavras podem ser rejeitadas centenas de vezes. Você será ridicularizado, atacado, bloqueado, acusado e isolado; os seus esforços serão descritos como algo pior que inútil. E quanto mais isso ocorrer, mais eficaz pode ser o seu treinamento em raja ioga, em autocontrole e autoconhecimento. Desconfie de caminhos espirituais confortáveis. Se as lições espirituais fossem fáceis, que tipo de treinamento você teria?”
 
* “O solo árido e pedregoso que parece rejeitar seus esforços é na verdade o seu Mestre. A terra difícil é a Esfinge que você deve decifrar. Sua tarefa é semear e não garantir a germinação. Deixe isso para as sementes. É o dever delas. No entanto, você pode tornar mais fácil o trabalho de germinação.”
 
À medida que persevera no plantio, o peregrino deve tratar de saber mais sobre o trabalho dos semeadores. Cabe investigar as melhores maneiras de transformar pedras em solo, e solo pobre em um solo produtivo. A terra que o peregrino vê a seus pés existe também nele. Aquele que planta para os outros colhe felicidade incondicional.
 
NOTA:
 
[1] O estudante deve identificar e deixar de lado os plágios e distorções feitos por autores pseudoesotéricos do século 20.
 
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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
 
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Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
 
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