Uma Ponte Entre o Perene e o Perecível
Joana Maria Ferreira de Pinho
O caminho evolutivo corresponde a uma longa peregrinação da alma por alguns pontos do universo. Essa é a forma pela qual a natureza divina se conhece a si mesma, alcança todo espaço e o aperfeiçoa.
Somos peregrinos que caminham por uma parte do infinito e têm no planeta Terra a oportunidade de evoluir com autoconsciência e vislumbrar a origem e o destino da vida. Podemos ler em “Ísis Sem Véu”:
“O homem vive em muitas outras terras antes de chegar a esta. Miríades de mundos nadam no espaço em que a alma em estados rudimentares faz as suas peregrinações, antes que chegue ao grande e brilhante planeta chamado Terra, cuja função gloriosa é conferir-lhe autoconsciência. Só neste ponto é que ele se torna homem; em qualquer outra etapa desta jornada vasta (…) ele é apenas um ser embrionário – uma forma evanescente e temporária de matéria -, uma criatura de cuja alma elevada e aprisionada uma parte, mas apenas uma parte, resplandece…”. [1]
Ao nos tornarmos seres humanos, conquistamos um lugar único no esquema evolutivo. Junto com o corpo temos um eu superior e nos tornamos um pequeno universo. Somos uma réplica dos ciclos e dos processos cósmicos e a cada um de nós é dada a oportunidade de conhecer a história, a vida, as leis universais, e a oportunidade de viver a ética que nos purifica e conecta à consciência divina.
Helena Blavatsky escreveu:
“Assim como o feto se desenvolve do liquor amnii no útero, do mesmo modo os mundos germinam do éter universal, ou fluido astral, no útero do universo. Essas crianças cósmicas, como os seus habitantes pigmeus, são inicialmente núcleos; depois óvulos; depois amadurecem gradualmente, e se tornam mães por sua vez, desenvolvem formas minerais, vegetais, animais e humanas. (…) Desenvolvendo-se o embrião em sua esfera pré-natal, o indivíduo em sua família, a família no Estado, o Estado na Humanidade, a Terra em nosso sistema, este sistema no universo central, o universo no cosmos, e o cosmos na Primeira Causa: – o Infinito e o Eterno.” [2]
A Teosofia nos ajuda a reconhecer a vida humana como uma ponte entre o perene e o perecível e nos desperta para o papel único que cabe ao ser humano realizar. Assim nos dedicamos à tarefa de fazer da Terra um espaço sagrado em todas as suas dimensões.
Dedicando nossa vida à humanidade, evoluímos individual e coletivamente e a alma brilha com resplendor.
NOTAS:
[1] Palavras citadas na obra “Ísis Sem Véu”, de H.P. Blavatsky, Vol. II, Ed. Pensamento, SP, Brasil, 300 pp., pp. 71-72.
[2] Reproduzido da obra “Ísis Sem Véu”, de H.P. Blavatsky, Vol. II, Ed. Pensamento, SP, Brasil, 300 pp., p. 92. Sobre este tema, veja também, em nossos websites, o artigo “Um Cosmo Em Cada Feto Humano”, de Carlos Cardoso Aveline.
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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
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