Carlos Cardoso Aveline
Quem é bondoso de fato
não renuncia
à sua própria consciência
para obedecer à vontade de outro ser.
Nem para ceder às ordens
de algum mestre externo.
Nem às pressões de uma organização.
Um ser bondoso de fato
não se deixa manipular.
Não teme a aparente solidão,
e a acolhe quando necessária.
Não cai em chantagens
emocionais, mas abre
um caminho novo.
A cada passo
o ser bondoso busca sabedoria.
E assim cresce a paz em seu coração.
Nele o desejo mutável da alma mortal
perde força, diante da vontade firme,
e luminosa, e estável, da alma espiritual.
Por um detalhe apenas,
ele pode ser chamado de altruísta:
porque vê que sua verdadeira alma
é também a alma de todos.
Mas ele compartilha a alma,
e não a máscara, dos outros.
Ele compartilha a calma,
e não a ignorância ilusória
de quem não conhece a si mesmo.
Sua bondade é secreta.
Nem todos a veem.
Nem todos a querem ver.
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(Outubro 2004 – Maio 2013)
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