O Preço Que Se Paga Para Chegar
Ao Território da Bem-Aventurança
Carlos Cardoso Aveline
O autoboicote ou resistência à mudança ocorre através de um grande número de processos emocionais, capazes de constante autorrenovação. Numerosos estudantes de filosofia esotérica começam um projeto nobre e o abandonam depois de pouco tempo. Saltam então para algum outro bom projeto, até que ressurja o desânimo.
O fracasso periódico através da desistência serve para preservar a ideia subconscientemente negativa que estes buscadores da verdade têm de si mesmos, como pessoas incapazes de pagar o preço da vitória espiritual.
Quando a autoimagem profunda de um indivíduo é contrária à substância de um progresso firme na direção da ética e da espiritualidade mais elevadas, a sensação involuntária de “eu” o levará para longe da meta escolhida.
Enquanto o estudante de teosofia enxergar a si mesmo subconscientemente como um perdedor, como uma vítima e alguém que nada realiza de bom – ou como alguém que tem inteligência limitada e só pode seguir cegamente outras pessoas – estará condenado a destruir suas próprias vitórias antes que elas surjam.
As fontes da autoimagem emocional estão situadas na infância. Durante os primeiros anos da encarnação de um ser humano, as tendências centrais da vida prévia, combinadas com o carma coletivo do novo momento, são impressas no eu inferior. Na vida adulta o estudante de teosofia deve reconstruir o seu próprio destino e o seu caráter. Ele é convidado pela sabedoria eterna a renascer conscientemente na mesma encarnação. Isso acontecerá no devido tempo, surgindo gradualmente como resultado dos esforços definidos por ele mesmo. E no entanto haverá uma luta intensa contra esta construção por parte do seu antigo “eu”.
Um sentimento cego e irracional de culpa, quase sempre subconsciente, é um fator chave que impede as pessoas de melhorarem a si mesmas.
O fracasso sistemático confirma a autoimagem negativa. O hábito do erro preserva o magnetismo da derrota na ideia que o peregrino tem de si mesmo. Assim se cumpre uma profecia destrutiva e se realiza a punição neurótica de um erro supostamente “primordial”.
O mundo psicológico de mais de um cidadão de boa vontade se baseia em parte no sentimento de que ele não tem muito valor como pessoa. Há uma sensação de que ele não pode fazer o mundo a seu redor melhorar, e é incapaz de ajudar a humanidade em seu progresso moral.
A impressão de não poder ajudar a humanidade parece ser o outro lado da moeda falsa segundo a qual o indivíduo não consegue mudar o seu próprio futuro para melhor.
É necessário curar e elevar a si mesmo para ajudar o mundo. Esquecer de si para trabalhar pelo bem de todos os seres é provavelmente o modo mais eficiente de ingressar no território sagrado da bem-aventurança. As profecias autocondenatórias, no entanto, devem ser identificadas e derrotadas para que isso ocorra. A tarefa exige uma vontade forte e tem como alicerce uma forma profunda de autoconhecimento, que permite o abandono do egocentrismo infantil.
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“Superando a Negatividade Subconsciente” foi publicado em nossos websites associados dia 2 de abril de 2019. Seu equivalente em língua inglesa é “Overcoming Subconscious Negativity”.
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Leia também “Autoimagem e Autoconhecimento”, “A Consciência e o Eu”, “O Eu Social e o Eu Profundo”, e “Resistência à Mudança, em Teosofia”.
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Em 14 de setembro de 2016, um grupo de estudantes decidiu criar a Loja Independente de Teosofistas. Duas das prioridades da LIT são tirar lições práticas do passado e construir um futuro saudável.
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