Nem Sempre é Fácil Buscar a Verdade
Carlos Cardoso Aveline
A percepção da verdade começa como um fósforo aceso em uma noite de vento.
O aprendiz o acende, decidido, mas o fósforo apaga. O aprendiz acende outro fósforo, e o vento o apaga. O estudante prossegue até terminar a caixa de fósforos. A esta altura, por uma aparente coincidência, surge do nada um pequeno lampião, uma lamparina, ao alcance do aprendiz.
A luz então ilumina coisas desagradáveis. “Devo apagar a luz?” se pergunta o estudante. Mas ele persevera. A luz se fortalece mais, e ilumina mais coisas belas, superiores, e mais coisas feias, inferiores.
O aprendiz suspeita que está rodeado de cegos. Ele é tentado a fingir que é cego, para permanecer ligado às ilusões consensuais. Ele tem medo da solidão se seguir a verdade. Mas a sua capacidade de aderir sinceramente à ilusão consensual vai ficando cada vez menor. Então ele encontra outras pessoas que estão na mesma situação, e surge o processo da ajuda mútua. A luz de um soma com a luz de outro.
O despertar se aprofunda, não sem desafios. O aprendiz percebe que a chave está em manter o foco central da consciência no que é correto, enxergando secundariamente – mas com rigor – o que não é correto.
Em determinado momento, ele percebe que a lamparina está ficando sem combustível. Então ele olha para o Leste, e, pouco abaixo do brilho de Vênus, vê chegar a luz ilimitada de um novo dia.
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O texto acima foi publicado como item independente nos websites associados em 2013. Ele também faz parte da edição de junho de 2009 de “O Teosofista”, onde aparece sem indicação do nome do autor. Título original: “Um Fósforo Aceso Antecipa o Novo Dia”.
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